Mulher em corpo de homem: Globo terá novo personagem trans
Autores investem na curiosidade e na polêmica suscitadas pela transexualidade
Ser trans está na moda. Pelo menos na teledramaturgia. A diversidade de gênero conquista cada vez mais espaço no horário nobre da TV brasileira.
O caminho foi aberto por Gloria Perez, criadora de Ivana/Ivan, o rapaz transexual de ‘A Força do Querer’. A repercussão positiva do personagem surpreendeu até a cúpula da Globo.
Em ‘O Sétimo Guardião’, folhetim que entrará no ar na faixa das 21h, no final do ano, haverá uma mulher trans que reivindica redesignação sexual sem abrir mão do nome masculino.
Especula-se que essa personagem possa ser a nova versão de Nazaré Tedesco, a inesquecível vilã de ‘Senhora do Destino’, interpretada com brilhantismo por Renata Sorrah.
Como a ‘raposa felpuda’ morreu ao se atirar de uma ponte, no último capítulo da trama exibida em 2004, essa personagem trans de ‘O Sétimo Guardião’ teria mudado a aparência para ficar parecida com seu ídolo, Nazaré.
Teorias à parte, podemos esperar muito humor ácido e provocação – marcas registradas de Aguinaldo Silva, homossexual assumido que já fez incontáveis críticas e ironias a gays e transexuais.
Imaginou-se que ‘O Outro Lado do Paraíso’ também teria o seu trans: a prostituta Desirée (Priscila Assum) revelaria ser uma mulher com genitália masculina.
Para evitar um furo dramatúrgico – a personagem se consultou com uma ginecologista a fim de se informar sobre a cirurgia para ser virgem novamente –, Walcyr Carrasco alterou o enredo.
O autor manteve a garota de programa como mulher cisgênero (pessoa que se identifica, em todos os aspectos, com o gênero de nascença).
‘A Força do Querer’ inovou por ter uma transexual fictícia e outra, verídica. O trans Ivan foi interpretado pela atriz Carol Duarte, que nasceu mulher e se identifica como tal.
Já a secretária Mira, que no folhetim era uma mulher cis, teve como intérprete uma atriz transexual, Maria Clara Spinelli.
Ela nasceu em corpo masculino e passou por adequação cirúrgica e hormonal para ter o visual condizente com a identidade de gênero feminino.
A abordagem da transexualidade em novela da Globo não é exatamente novidade. Em 2001, ‘As Filhas da Mãe’, de Silvio de Abreu, apresentou Ramona, papel de Claudia Raia.
Na trama, ela, que cresceu como menino e se chamava Ramon, volta do exterior com o novo gênero.
A bela trans recebe o apoio da mãe, Lulu (Fernanda Montenegro), mas enfrenta a transfobia do homem por quem se apaixona, Leonardo (Alexandre Borges).
A novela, exibida às 19h, foi rejeitada por boa parte dos telespectadores. A baixa audiência limitou a discussão pública dos aspectos relacionados à transexualidade de Ramona.
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