"Nada é o que parece", diz Maria Flor sobre "O Rebu"
É o jeito "maluquinho" que salva Maria Flor, pois seus traços joviais e delicados poderiam facilmente limitá-la ao posto de mocinha. Convites não faltaram. Ela, inclusive, tem uma protagonista bem chorosa no currículo, a Nina de Eterna Magia, de 2007. Como ir além do óbvio sempre foi uma prioridade sua, Maria recusou as novelas e se jogou nos mais diferentes projetos. Nos últimos sete anos, passou pela libertária protagonista da série Aline, investiu em um cinema mais cerebral e descobriu sua porção produtora e diretora de séries para a TV paga, como Do Amor e Só Garotas, ambos do Multishow. Respeitando essa lógica experimental e curiosa de sua personalidade, a volta ao universo da telenovela também não poderia ser menos ousada. A partir da próxima segunda (14), Maria poderá ser vista como a psicóloga Camila de O Rebu, novo remake das 23h.
"Sou fã de boas histórias e de diretores que gostam de criar. Essa novela é pautada por essas duas características. Uma produção mais cuidadosa, de quase 40 capítulos, com uma trama que se passa em apenas 24 horas", resume.
A trama foi escrita originalmente por Bráulio Pedroso e atualizada por George Moura e Sergio Goldenberg. Nela, Camila é uma das convidadas da festa da poderosa Ângela, de Patrícia Pillar. Como todos os outros participantes do evento, ela pode ser a responsável pela misteriosa morte ocorrida durante a noite. A personagem ainda conta com dilemas próprios, ao ter de lidar com a esquizofrenia do marido, Osvaldo, de Julio Andrade, e faz de tudo para esconder o caso extraconjugal que mantém com o oportunista Kiko, de Pablo Sanábio.
"É uma mulher machucada pela vida e essa dor é exposta durante muitas cenas. Mas, nessa novela, nada é o que parece", despista.
Logo que soube que O Rebu entraria em produção, a atriz carioca de 30 anos não se fez de rogada e pediu para fazer um teste. "É engraçado falar que fiz teste. As pessoas acham que só porque já fui protagonista eu não preciso ser testada ou que isso é vergonhoso. Não vejo nada demais, não tenho essa vaidade", garante.
Um ponto importante durante esse processo foi reencontrar o hoje diretor de núcleo José Luiz Villamarim, que a dirigiu em Cabocla, de 2004, e foi responsável por sucessos recentes como O Canto da Sereia e Amores Roubados. "São produções que oxigenam a TV aberta. Por causa desses trabalhos, eu fiquei com muita vontade de voltar a trabalhar com ele", assume.
Aprovada no teste e concentrada na composição de Camila, Maria e a equipe de caracterização da trama resolveram que a personagem deveria ter um cabelo mais longo. Sendo assim, a atriz passou algumas horas alongando as madeixas com o cabeleireiro Flávio Priscot, no Rio de Janeiro. "Faz tempo que eu uso cabelo na altura do ombro. Acho que fiquei mais mulher", valoriza. Após uma bateria de ensaios e leituras de texto com a direção e o preparador Chico Accioly, Maria arrumou as malas e passou cerca de um mês gravando com o resto do elenco da novela em Buenos Aires e outras locações no interior da Argentina. A viagem foi fundamental para integrar os atores e importante para ela achar o tom certo para a personagem. "Fazer essa imersão foi esclarecedor e bem diferente de ter de ir gravar todos os dias nos estúdios do Projac. Na Argentina, a gente respirava trabalho, observava o método dos colegas e discutia em prol do melhor para a cena. Nunca passei por nada parecido na TV", conta.
Cara à tapa
Ter autonomia artística sempre foi um dos objetivos de Maria Flor. E hoje, a atriz acredita que, enfim, está com a carreira onde sempre quis. "Além de atuar, produzo, dirijo e idealizo projetos. Faço as coisas acontecerem e isso é muito instigante", conta ela, orgulhosa das produções que tem feito em parceria com o canal pago Multishow, como Do Amor e o recente Só Garotas, que ganha uma segunda temporada em 2015.
Sem pressa, Maria tenta lidar bem com a própria inexperiência por trás das câmaras, mas admite que ainda não fica totalmente satisfeita com as cenas que escreve e dirige. A resposta do público, da crítica e dos amigos, no entanto, está sendo positiva. "É uma situação tensa e difícil. Saio do estúdio apontando coisas que poderiam ter ficado melhores. Mas cada dia é um novo aprendizado", assume a atriz, que, assim que terminar de gravar O Rebu, voltará suas atenções para os novos episódios de Só Garotas.
Instantâneas
# Depois de estrear em Malhação, o primeiro papel de destaque de Maria Flor foi como a prostituta Taís, em Belíssima, de 2005.
# Com o cancelamento do seriado Aline, em 2011, Maria Flor fez aparições esporádicas em produções da Globo. Em 2012, ela protagonizou um episódio de As Brasileiras e fez uma breve participação em A Grande Família.
# No Multishow, além das séries de ficção, Maria já mostrou sua porção apresentadora. Entre 2011 e 2012, aproveitando a temporada que passou em Londres para as filmagens do longa 360, de Fernando Meirelles, Maria apresentou o Todo Mundo, programa no estilo documental que abordava o cotidiano de brasileiros que residem por lá.
# Apesar dos compromissos futuros já firmados com o cinema e a TV paga, Maria Flor não descarta uma volta aos folhetins mais tradicionais. "Tudo depende da personagem. Não tenho qualquer preconceito com novelas mais convencionais. Só que andei muito envolvida com projetos autorais", ressalta.
O Rebu – Globo – Estreia segunda, dia 14 de julho, às 23h.