Novas demissões reforçam a dificuldade das TVs em pagar as contas
Globo, CNN Brasil e Jovem Pan News continuam a dispensar talentos para buscar o equilíbrio financeiro abalado por diferentes razões
Um dos repórteres esportivos mais experientes da TV, Clayton Conservani recebeu sua demissão da Globo após 27 anos de trabalho. Ele se destacou em matérias especiais com desafios extremos, como escalar o Monte Everest.
Na Jovem Pan News, o demitido da vez foi o analista de política Diogo Schelp, de pensamento moderado, que fazia contraponto aos direitistas mais radicais do canal.
Entre os recentes dispensados na CNN Brasil está o advogado Roberto Tardelli, comentarista ligado à defesa dos Direitos Humanos, participante de ‘O Grande Debate’.
Abrir mão de talentos virou rotina nas principais emissoras do país. Todas passam por reestruturação financeira motivada por aumento dos custos de operações. Demitir passou a ser imperativo a fim de enxugar as despesas fixas e assegurar a sobrevivência do negócio.
No caso da Globo, houve faturamento recorde em 2022, com R$ 15 bilhões, porém, os cortes são necessários para garantir os investimentos milionários em produção de conteúdo e novas tecnologias. Jornalistas veteranos com salários mais altos são as principais ‘vítimas’.
A Jovem Pan sofre com a desmonetização de canais no YouTube, de onde tirava receitas relevantes, e da campanha de boicote de anunciantes promovida pelo movimento Sleeping Giants Brasil.
Mais de 100 empresas suspenderam propaganda nas plataformas da emissora vista como bolsonarista. Faz falta também a publicidade vinda do governo federal. Lula ainda não direcionou 1 centavo sequer para a TV.
Na CNN Brasil, o prejuízo recorrente gerou ondas de demissões e deve impor a mudança da sede, hoje em prédio luxuoso na Avenida Paulista, e talvez até a troca de nome para não ter de pagar direitos de uso ao canal norte-americano.
Record, SBT e Band não estão em situação muito melhor. Sofrem para evitar um déficit nas contas. Manter uma emissora no ar com saúde financeira nunca foi tão difícil. Tradicionalmente, o fim de ano traz demissões na imprensa em geral. O clima nas emissoras é de apreensão e incerteza.