Sem par romântico forte, 'Balacobaco' investe no vilão
Certos clichês de novela costumam funcionar. Um deles é o envolvimento amoroso – ainda que dificultado por diversos fatores ao longo dos capítulos – de seus protagonistas. Mesmo assim, Balacobaco, da TV Record, seguiu justamente o caminho oposto. Demorou bastante para que Isabel e Eduardo, os mocinhos da trama interpretados por Juliana Silveira e Victor Pecoraro, começassem a se relacionar. O problema é que agora, depois que isso finalmente aconteceu, a sensação que prevalece é de que o casal não tem força suficiente para que o telespectador possa torcer por ele. Falta química entre os dois. Talvez, justamente, pelo pouco tempo que os personagens ficaram juntos no decorrer do folhetim e, dessa forma, o entrosamento não foi bem desenvolvido.
Diante de um casal central sem apelo, a história principal tem se concentrado em Taís, papel de Letícia Medina. Desde o início, quando perdeu a mãe e o pai adotivo em um acidente de barco, a garota sofre. E virou alvo de Norberto, vilão inescrupuloso de Bruno Ferrari. A atriz até segura bem a responsabilidade que lhe foi concedida. Mas a falta de um enredo mais forte envolvendo os protagonistas, ainda assim, cria uma espécie de buraco na novela. Às vezes, Isabel e Eduardo parecem assumir a posição de coadjuvantes para que o drama da garota e as maldades de Norberto se desenvolvam ainda mais.
O crescimento do antagonista, inclusive, é evidente. Mesmo depois de ter sido desmascarado e passar a se esconder da polícia, Norberto continua agindo. E está cada vez mais maquiavélico. Com isso, sequências tensas – como as do sequestro de Taís, que foi transmitido em tempo real via internet – ganham espaço. O que é bom para trazer mais emoção e ação à novela. Mas nem as numerosas cenas movimentadas e que exigem um grau de produção maior são capazes de prender a atenção.
A edição também não favorece. Com alguns takes longos demais, é difícil que o interesse em continuar assistindo à novela seja mantido. Além disso, grande parte dos personagens com "pegada" cômica continua acima do tom, até mesmo para uma comédia escrachada que justificaria o título do folhetim. Só mesmo quando o clima policialesco prevalece é que a história ganha um frescor. Mas não o necessário para que a televisão fique ligada do início ao fim de um capítulo de Balacobaco.