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Com trama política, Globo estreou primeira novela a cores há 52 anos

Novela da com enredo que criticava a Ditadura Militar marcou a teledramaturgia brasileira como primeiro folhetim gravado a cores

24 jan 2025 - 11h36
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Lima Duarte viveu Zeca Diabo em O Bem-Amado
Lima Duarte viveu Zeca Diabo em O Bem-Amado
Foto: Reprodução/Globo / Contigo

Em 24 de janeiro de 1973, há 52 anos, a Globo São Paulo estreava O Bem-Amado como sua nova novela da faixa das 22 horas. Escrita por Dias Gomes, o folhetim é considerado um marco da televisão brasileira pela crítica velada que conseguiu passar pelos censores da Ditadura Militar, além de ser a primeira novela a cores do país. No Rio de Janeiro, a trama política estreou dois dias antes, em 22 de janeiro.

Representação do Brasil

O Bem-Amado inovou ao trazer uma narrativa profundamente brasileira, misturando humor mordaz e crítica social. Como recorda o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, o folhetim também foi a primeira novela da Globo a ser exportada, conquistando reconhecimento internacional e estabelecendo novos padrões na teledramaturgia.

Com personagens icônicos, como o caricato Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz), o temido Zeca Diabo (Lima Duarte) e o prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo), que fazia de tudo para inaugurar um cemitério, a novela marcou a cultura pop e está presente no imaginário popular até hoje.

Dias Gomes entregou diálogos inteligentes e situações memoráveis. Um exemplo destacado por Xavier foi o "Sucupiragate", uma paródia do escândalo Watergate, no qual gravações revelam segredos que complicam ainda mais a vida do prefeito Odorico.

Era da TV colorida

A introdução da TV em cores no Brasil trouxe obstáculos que a produção de O Bem-Amado teve de superar. As câmeras e equipamentos novos exigiam ajustes frequentes para evitar saturação de cores, e o figurino era frequentemente exagerado, com tons vibrantes que hoje parecem caricatos.

Gracindo Júnior revelou que precisou tingir o cabelo de laranja, enquanto os cenários exibiam combinações berrantes de vermelho e verde. A atriz Ida Gomes contou que a luminosidade excessiva deixava sua pele muito clara na tela, e Emiliano Queiroz relatou que reflexos de óculos e até a chama de fósforos distorciam a imagem.

Esses problemas técnicos levaram a Globo a adotar medidas, como evitar roupas listradas ou xadrez e priorizar tons suaves. Essas orientações passaram a valer também para outros gêneros da programação, como jornalismo e shows.

Olé na censura

Mesmo com sua popularidade, O Bem-Amado enfrentou entraves com a censura da época. Palavras como "coronel" e "capitão", de acordo com o Almanaque da TV, foram inicialmente proibidas por serem associadas a figuras de autoridade. Em alguns casos, áudios de capítulos já gravados precisaram ser refeitos para atender às exigências.

Outro episódio marcante foi o veto à música de abertura original, Paiol de Pólvora, de Toquinho e Vinicius de Moraes, considerada subversiva pela Censura Federal. A dupla criou então uma nova composição, O Bem-Amado, interpretada pelo grupo MPB4, que se tornou emblemática.

A trilha sonora, inteiramente composta por Toquinho e Vinicius, trouxe 11 faixas originais que capturaram a essência da novela. Essa parceria inovadora rendeu frutos, com a dupla também assinando trilhas de outras produções marcantes.

Mais de cinco décadas depois de sua estreia, O Bem-Amado segue como referência incontornável na teledramaturgia brasileira como pioneira no uso da tecnologia colorida e ousada ao abordar temas sensíveis em tempos de censura.

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