'Geração Brasil': Titina Medeiros se adapta à mecânica da TV
Atriz diz que hoje sabe dosar sua personalidade expansiva em suas atuações
O discurso empolgado de Titina Medeiros só evidencia a sua leveza de encarar a carreira. E é justamente o lado lúdico da profissão que a intérprete da divertida Marisa, de Geração Brasil , busca em sua recente e tímida carreira na televisão. "Cria'' do teatro independente, a atriz, que se define como uma operária da arte, se mostra tranquila diante do ritmo acelerado da TV.
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"Vou jogar minha brincadeira. Não posso perder o frescor da minha atuação. Comecei muito expansiva na TV. Hoje, vou dosando a cota'', explica ela, que está em sua segunda novela. "É maravilhoso conhecer uma nova forma de trabalho. Mas tenho consciência de que nunca estarei segura diante das câmaras", ressalta.
Natural de Currais Novos, interior do Rio Grande Norte, Titina alcançou repercussão no cenário teatral através da montagem da peça Muito Barulho Por Quase Nada , com o grupo Clowns de Shakespeare, onde está até hoje. Trompetista e formada em Comunicação Social, a atriz sempre teve certeza de suas escolhas artísticas. "Fiz um curso superior porque a vida me deu essa oportunidade. Tinha uma certa insegurança da profissão. Mas ser atriz foi uma aposta certeira na minha vida", afirma.
Geração Brasil conta com o texto de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, responsáveis pela sua estreia em Cheias de Charme . Voltar a trabalhar com a dupla de autores contou na hora de aceitar o convite?
Titina Medeiros -
Com certeza. Fui muito feliz na minha primeira novela. É muito bom poder voltar para um lugar onde você fez amigos e parceiros de profissão. É onde me sinto confortável. Me identifico com a forma de trabalho dos autores. Eles são ágeis e têm essa ligação forte com a comédia, que é um lugar que eu adoro.
A Socorro, de Cheias de Charme, e a Marisa, de Geração Brasil , estão inseridas em um universo muito parecido. Ambas as personagens são cômicas e populares. Você teve receio de se repetir?
Titina Medeiros - Tive. As duas eram personagens muito ''bagaceiras''. Eu busquei dosar isso de uma forma que tivesse graça e leveza, mas não remetesse à Socorro. Me inspirei em mulheres que têm uma colocação mais livre, mais popular. Pessoas do cotidiano mesmo. O figurino foi muito importante porque, quando eu coloco uma saia curta e um salto alto, já tenho consciência de que aquele corpo não me pertence mais. São coisas extras que ajudam a montar uma personalidade para o papel. O sotaque foi um ponto certeiro para diferenciar as duas, por exemplo.
Por quê?
Titina Medeiros -
A Socorro, assim como eu, era do Nordeste. E isso era muito característico nela. Já a Marisa não. A Marisa é da Taquara (bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro). Mas eu não sei simular o sotaque carioca. Foi uma dificuldade durante o processo. Por isso, buscamos neutralizar o meu jeito natural de falar. Isso foi um ponto nevrálgico na personagem. Naquele momento, eu visualizei outra pessoa totalmente diferente da Socorro.
Você estreou na TV com 35 anos. Por que esse começo tão tardio?
Titina Medeiros - Nunca busquei fazer TV. Queria fazer arte no Rio Grande do Norte. Se eu fosse para o Rio de Janeiro ou para São Paulo, ia ser mais uma acumulando lá. A ideia do meu grupo de teatro é de fazer arte na nossa cidade e circular pelo país. Durante uma apresentação no Rio, acabei fazendo cadastro na Globo por convite de uma produtora de elenco. Um mês depois, fui chamada para fazer a Socorro. Fui por uma questão de experiência e para conhecer um novo veículo. É bom acumular novas formas de trabalho.
Mas você pretende continuar investindo no veículo ou vai priorizar o teatro?
Titina Medeiros - Não quero largar minha companhia e nem a história que a gente construiu no Rio Grande do Norte. Temos um público e um trabalho fiel por lá. E conseguimos isso antes da televisão. Eu estou adorando ter essas experiências com a TV. O ideal seria conciliar as duas coisas. Passar um período no Rio fazendo televisão e depois voltar para a minha terra e focar no teatro. Não posso abandonar meu trabalho no Nordeste. Mas não sou de fazer planos. Quero trabalhar e público é o que não falta. Sou atriz há 20 anos e nunca me faltou trabalho.