Governo proibiu casamento fora do Brasil em novela que inovou a faixa das sete na Globo
Trama da Globo que sofreu com censura do regime militar e foi protagonizada por Regina Duarte estreou no Globoplay no dia 23 de dezembro
Em julho de 1973, a Globo estreou Carinhoso, primeira trama solo de Lauro César Muniz na emissora, como sua nova novela das sete. Protagonizada por Regina Duarte, o folhetim sofreu com limitações impostas pelo governo, que proibiu casamento fora do Brasil. Saiba mais sobre a novela que inovou a faixa das sete na Globo e entrou no Globoplay no dia 23 de dezembro.
Limitações impostas pelo governo
O jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, recorda que, durante a exibição de Carinhoso, o governo impôs restrições ao roteiro por meio da censura vigente e atuou contra uma cena de casamento no exterior.
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Conforme relata Cláudio Ferreira no livro Beijo Amordaçado - A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar, o Departamento de Polícia Federal da Guanabara recebeu um comunicado do Consulado Geral do Uruguai: o cônsul Yamandu Fischer informou que personagens da novela planejavam casar-se no consulado, mas a legislação uruguaia proibia casamentos de estrangeiros em território consular. A emissora tentou autorização para filmar a cena, mas não obteve êxito.
"De acordo com o cônsul, a lei uruguaia proibia o casamento de não uruguaios e o consulado apareceria perante o público como infrator da lei. Por isso, pediu providências: que a emissora não mencionasse o nome do consulado na novela ou em outros programas", destaca trecho do livro.
Avanços tecnológicos na produção
Lauro César Muniz desenvolveu Carinhoso a pedido de Daniel Filho, com Regina Duarte no papel principal. A história foi baseada na peça Sabrina Fair, a Woman of the World (1953), de Samuel Taylor, que inspirou o filme Sabrina (1954), dirigido por Billy Wilder e estrelado por Audrey Hepburn, Humphrey Bogart e William Holden.
Inspirada em um clássico, Carinhoso, conforme Xavier relembra, simbolizou a chegada da inovação para a Globo: a novela foi responsável por introduzir câmeras eletrônicas móveis na emissora, substituindo os antigos aparelhos pesados utilizados em gravações externas.
Segundo o Almanaque da TV, foram diretores como Daniel Filho, em Carinhoso, e Fábio Sabag, em Caso Especial, que implementaram o equipamento VR-3000, ainda com imagens em preto e branco. A modernização acelerou as gravações e trouxe mais fluidez às cenas externas.
Além de seu sucesso com o público, Carinhoso marcou um momento especial para Regina Duarte, que estava grávida. A gestação só se tornou perceptível nas últimas semanas da novela. Três meses após o encerramento da trama, nasceu Gabriela Duarte, que seguiu carreira artística como a mãe.
Veja reportagem sobre a novela:
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