Há 57 anos, Tarcísio e Glória estreavam na Globo em novela dramática com tourada
Primeira novela de Tarcísio e Glória na Globo foi marcada por intrigas nos bastidores e soluções improvisadas para seguir com a produção
Em 18 de dezembro de 1967, a TV Globo estreava, no Rio de Janeiro, a novela Sangue e Areia. Adaptada por Janete Clair, a trama dramática marcou a estreia de Tarcísio Meira e Glória Menezes na emissora. Vindos da TV Excelsior, o casal protagonizou uma história sobre tourada ambientada na Espanha, com toques de tragédia e paixão.
A trama girava em torno de Juan Gallardo, um toureiro interpretado por Tarcísio, e Doña Sol, vivida por Glória, que, em um dos momentos mais chocantes, arranca os próprios olhos como prova de amor. A novela, adaptada do romance homônimo de Vicente Blasco Ibáñez, foi descrita por Artur Xexéo na biografia de Janete Clair como uma produção marcada pelo "excesso de dramaticidade", refletido em suas cenas intensas e enredo trágico.
Polêmicas nos bastidores
Como aponta o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, a estreia de Sangue e Areia aconteceu no mesmo dia que O Homem Proibido, de Glória Magadan, supervisora de dramaturgia da Globo na época. Apesar de a trama de Janete Clair ser a mais popular entre o público, os bastidores foram palco de conflitos.
Segundo Xavier, Daniel Filho, responsável pela direção das duas produções, foi acusado por Magadan de priorizar Sangue e Areia. O sucesso crescente da autora novata incomodou a cubana, que pressionou pela saída de Daniel do comando da novela de Janete. Por volta do capítulo 20, a direção foi assumida por Régis Cardoso.
O elenco também enfrentou momentos difíceis. Amilton Fernandes, que interpretava o vilão, faleceu durante a produção devido a complicações de um acidente de carro, gerando mudanças na história.
Criatividade como aliada
A ambientação espanhola, de acordo com o Teledramaturgia, trouxe alguns desafios técnicos. Originalmente, a ideia era gravar cenas de tourada no México, mas os custos inviabilizaram a viagem. Como alternativa, Daniel Filho adquiriu imagens de touradas da TV mexicana e criou uma pequena arena no terraço da Globo no Jardim Botânico, Rio de Janeiro.
A arena contava com 25 figurantes que simulavam o público em uma arquibancada e, para os close-ups, Tarcísio Meira enfrentava uma roda de bicicleta com chifres, manipulada pelo ator Fernando José, em uma solução criativa para simular os perigos do touro.
Além de introduzir Tarcísio e Glória à dramaturgia da Globo, Sangue e Areia foi o ponto de partida para a colaboração entre Janete Clair e Daniel Filho, que se tornariam pilares das novelas da emissora.