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Com perfil de sério, Leopoldo Pacheco sonha em fazer comédia na TV

26 dez 2013 - 15h32
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"Tenho tentando mudar essa visão que as pessoas dentro da TV têm sobre o meu trabalho", diz Pacheco sobre seu perfil de sério
"Tenho tentando mudar essa visão que as pessoas dentro da TV têm sobre o meu trabalho", diz Pacheco sobre seu perfil de sério
Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias / TV Press

O jeito observador e os profundos olhos verdes são o cartão de visitas de Leopoldo Pacheco. No entanto, basta uma saudação para que o ator mostre que de sisudo não tem nada. A não ser seus personagens. Aos 53 anos, ele encara mais uma vez um papel denso, tipo ao qual já está bem habituado. Mas é com sorriso no rosto e discurso otimista que o ator defende o dúbio Valter e os outros tipos que já encarnou nesses 12 anos de TV. "Já participei de comédias escrachadas do quilate de Ti-Ti-Ti e Cheias de Charme, mas sempre no núcleo dramático. Fazer o que se tenho cara de ator sério? As coisas têm o tempo certo para acontecer, uma hora vou poder mostrar que sei fazer rir também", analisa, aos risos.

Paulistano formado pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, Pacheco passou boa parte dos anos 1980 e 1990 dedicando-se aos palcos como diretor, ator, figurinista, maquiador, iluminador e cenógrafo. E, justamente por ser um "cara do teatro", acabou estreando na TV de forma tardia, no início dos anos 2000, com uma pequena participação em Roda da Vida, da Record. O reconhecimento do público, no entanto, só veio em 2004, ao viver Leôncio, o vilão do "remake" de A Escrava Isaura, papel que o levou para a Globo, onde estreou na minissérie Um Só Coração e está até hoje. "Agora, posso afirmar que sou um apaixonado pela TV. Quando fico muito tempo fora do ar, dá saudades", revela. Atualmente, além das gravações de Joia Rara, ele viaja o Brasil com o espetáculo Camille e Rodin, em que retrata o relacionamento entre o escultor Auguste Rodin e sua discípula Camille Claudel, e ainda aguarda o lançamento do longa Bala Sem Nome, de Felipe Cagno. "Quando a história vale ser contada, não me importo de acumular trabalho", valoriza.

Seja em novelas densas como Joia Rara ou comédias como Cheias de Charme, você é, invariavelmente, escalado para interpretar tipos sérios. Isso o incomoda?

Leopoldo Pacheco

- Não incomoda a ponto de não querer fazer o personagem. Mas tenho tentando mudar essa visão que as pessoas dentro da TV têm sobre o meu trabalho. Eu queria muito ser dirigido pela Amora (Mautner, diretora geral) e conhecer o texto da Duca (Rachid) e da Thelma (Guedes). Então, topei fazer o Valter mesmo sabendo que seria mais um personagem denso. Aos poucos, o ator vai fazendo seu trabalho e reconhecendo as diferenças entre os personagens. Hoje, vejo que seria uma bobagem da minha parte não fazer esse papel só por ser dramático.

Por quê?

Leopoldo Pacheco - O Walter tem características e nuances que eu ainda não tinha mostrado na TV. Eu não sabia que ele iria desenvolver um lado mau-caráter e isso faz dele um sujeito marcado pela ambiguidade. É muito legal trabalhar com possibilidades, sem certezas. Walter é machista, como qualquer homem tradicional dos anos 1940. E tem rabo preso com o principal vilão da história, o Ernest (José de Abreu). Mas, ao mesmo tempo, ele tenta ser correto com a vida e seus próprios valores.

Você acha que essa alcunha de ator "denso" tem relação com seu desempenho no "remake" de A Escrava Isaura, produzido pela Record em 2004, e que chamou a atenção dos diretores das Globo?

Leopoldo Pacheco - Acredito que não. Lógico que o Leôncio marcou muito, a versão da história feita pela Record meio que reabilitou a área de dramaturgia da emissora na época e, em seguida, eu estreei na Globo. Mas, em Belíssima, fiz o Cemil, um sujeito leve, romântico e bondoso, o avesso do Leôncio. Escalação em novela segue uma ordem, um padrão e acho que tenho mesmo características de um cara mais sério. E não posso reclamar, dentro dessa área, tive papéis muito interessantes. Muitos atores de TV sonham em fazer um vilão, eu já contabilizo alguns na bagagem.

Você já chegou a pedir para algum diretor ou autor para interpretar um tipo mais cômico?

Leopoldo Pacheco -  Ainda não. Mas acho que é o ator que tem de mostrar suas aptidões. Em Joia Rara, estou quebrando alguns paradigmas que o exercício da profissão vai agregando ao longo dos anos. Por exemplo, pela primeira vez, distanciei um pouco a concepção do personagem do texto. Por estar em uma novela de época, figurino, cenários e toda a composição estética me foram importantes para criar de forma mais lúdica. Valter comete algumas atrocidades em cena, mas o enxergo de forma mais leve. Desapego do drama para focar nas dúvidas do papel.

Em apenas 12 anos, você participou de 16 produções na TV. Estrear no veículo aos 42 anos o deixou com uma certa urgência em trabalhar?

Leopoldo Pacheco - Com certeza. Eu sou um cara do teatro. E, nos palcos, sempre fui além da atuação, fiz e faço até hoje trabalhos em áreas técnicas como figurino e cenários. Estava tão ocupado que não tinha tempo para desenvolver sequer uma "paquera" com a televisão. Relutei durante muitos anos e acho que acabei estreando no momento certo, maduro, sem grandes pretensões e com a cabeça no lugar. Por fim, acho que "quebrei a cara". Posterguei tanto minha entrada no vídeo e hoje vejo que é muito bom estar no ar. Gosto do clima dos bastidores, do trabalho quase industrial e consigo ver arte e conceito em tudo isso.

<a data-cke-saved-href="http://diversao.terra.com.br/infograficos/duelo-vilas/iframe.htm" href="http://diversao.terra.com.br/infograficos/duelo-vilas/iframe.htm">veja o infográfico</a>
Fonte: TV Press
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