'Joia Rara' dá espaço para vilanias de Manfred e esquece personagens
Muitas vezes, a função do vilão dentro de uma trama vai além de fazer maldades ou ser um entrave na vida do casal de mocinhos. Em alguns casos, chega a ser o personagem que mais movimenta os núcleos. E é o que costuma cair no gosto popular – com mais frequência até que os próprios protagonistas. Em Joia Rara, Manfred, interpretado por Carmo Dalla Vecchia, é quem vem assumindo essa posição, até então ocupada por Ernest, de José de Abreu. Desde que passou a chantagear o dono da joalheria Hauser, o filho bastardo "colocou as asinhas de fora" e tem feito barbaridades. Mas, dificilmente, é o perfil de vilão que agrada o telespectador e conquista sua torcida independentemente das atitudes condenáveis. Primeiro porque, ao contrário de Ernest – que mostra uma possibilidade de redenção através do amor que sente pela neta, Pérola, de Mel Maia –, Manfred não é carismático. E segundo porque suas justificativas não são fortes o suficiente para sustentar suas maldades. Ou, pelo menos, não convencem em cena.
Carmo Dalla Vecchia, no entanto, soube conduzir bem seu personagem para o caminho da psicopatia. Mas quem dá aula de interpretação em cena é José de Abreu, que conseguiu, de maneira crível, transformar Ernest, até então um completo mau-caráter, em um pobre coitado diante de Manfred. Essa troca de lugares no posto de vilão principal movimentou a trama. Mas acabou mesmo é dando espaço para o amor de Amélia e Franz, de Bianca Bin e Bruno Gagliasso, se sobressair.
O que anda apagado são certos personagens periféricos. Em uma novela que conta com vários nomes de peso, alguns acabaram "ficando para escanteio". Como, por exemplo, Mariana Ximenes na pele de Aurora. A trama da vedete parece não sair do lugar, deixando a moça restrita ao romance com Davi, de Leandro Lima. É verdade que trata-se de um casal simpático, mas a atriz merecia mais espaço. Sílvia, apesar de estar diretamente ligada à trama central, também não apresenta força dentro da história. Não por falta de maturidade cênica de sua intérprete, Nathalia Dill. Mas talvez porque as autoras Thelma Guedes e Duca Rachid não souberam aproveitar o elenco de folhetim das 21h que têm em mãos.
Joia Rara – Globo – De segunda a sábado – às 18h15