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Protagonistas de 'Malhação' não escondem "vazios" na trama

27 nov 2012 - 15h28
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Lia (Alice Wegmann) e Dinho (Guilherme Prates) são dois dos pilares da história
Lia (Alice Wegmann) e Dinho (Guilherme Prates) são dois dos pilares da história
Foto: TV Globo
A maioria dos casais de Malhação é, definitivamente, sem sal. A força da história está toda no triângulo amoroso entre os protagonistas Dinho, vivido por Guilherme Prates, e as ex-amigas Juliana e Lia, encarnardas, respectivamente, por Agatha Moreira e Alice Wegmann. O relacionamento dos três é simples, eficiente e instiga o público a escolher uma das mocinhas para torcer. Apesar de Juliana não se conformar com a traição do namorado e da melhor amiga, as cenas da personagem não caem no "dramalhão" mexicano, o que é um acerto da direção de José Alvarenga Jr.      
 
A dramaticidade das sequências está muito mais na fotografia intimista do que nas falas dos três protagonistas, que sempre acabam fazendo piadas leves sobre a própria desgraça. Os três atores estão muito bem instruídos, mas não podem carregar a novela nas costas. Falta mais energia e ação nas tramas paralelas que, por enquanto, só têm servido para dar suporte ao triângulo amoroso. Rodrigo Simas, porém, tem dado indícios de que seu personagem vai crescer muito. Na pele de Bruno, irmão mais velho de Juliana, o ator já se tornou o segundo principal nome masculino da novela, atrás, claro, de Guilherme Prates. A relação do estudante com Fatinha, vivida por Juliana Paiva, deu outro ânimo à trama e tem potencial. A "periguete", aliás, foge do clichê. Poderia se resumir a uma moça atirada, mas tem um lado romântico e, ao contrário do que todos pensam, é virgem. 
 
A atual Malhação se esforça para ser o oposto da última temporada. Em vez de investir na carga pesada e sinistra da trama sobrenatural de Ingrid Zavarezzi, as autoras Rosane Svartman e Glória Barreto constroem diálogos leves e humorados. O que se reflete na iluminação, na abundância de cores e nos cortes rápidos de cenas. Apesar de contarem com a leveza como um investimento positivo, as autoras perderam a mão. Na ânsia de ficar mais alegre, a novela "teen" não tem dado espaço para assuntos importantes, como os diferentes tipos de vícios e preconceitos na adolescência. O sensível Rafa, de Rodolfo Valente, poderia abrir uma discussão maior sobre o lado machista da sociedade, mas está perdido na história e é apenas alvo de um "bullying" sem grandes consequências. Os problemas dos personagens soam bobos e a questão da perda da virgindade é mostrada como a única relevante no mundo jovem. 
 
A exceção foi a fuga de Lia e Dinho. Os dois quase morreram nas mãos de bandidos e depois tiveram momentos de reflexão sobre isso. Sem soar didática, a abordagem mostrou o perigo de tal aventura e deu o recado certo para o público jovem. Situações parecidas como essa poderiam ser mais comuns na trama. Afinal, ao longo dos 17 anos de Malhação, o "merchandising" social na medida certa sempre funcionou.    
 
De modo geral, a volta às origens – isto é, ao cenário do colégio e aos temas mais juvenis – deu certo. Os índices de audiência não são sempre os melhores, mas conseguem chegar aos 20 pontos, marca que demorou a ser frequente na versão passada. O folhetim não se preocupa em atingir todas as faixas etárias e, por isso mesmo, é atraente, colorido e divertido. Um mínimo de densidade, no entanto, não cairia mal. 
 
Malhação vai ao ar de segunda a sexta, às 17h45, na Globo.
Fonte: TV Press
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