Para viver stripper em 'Pecado Mortal', Carla Cabral perde 11 kg
Volta e meia, Carla Cabral encara de frente uma cena sensual. Logo nos primeiros anos de carreira, quando ainda assinava como Carla Regina, interpretou tipos exuberantes, como a Maria das Dores de Xica da Silva, de 1996, e a Juliana de Mandacaru, de 1997, ambas pela Manchete. No entanto, a atriz confessa ter uma certa dificuldade em extravasar esse lado mais "sexy" na pele da stripper Laura, em Pecado Mortal, da Record.
Por isso, assim que conheceu o perfil da personagem, foi em busca das mais variadas referências cinematográficas de mulheres que exercem a mesma profissão. Assistiu a filmes como As Divas do Blue Iguana, de Michael Radford, Stripetease, de Andrew Bergman, e Ponto de Partida, de Timothy Linh Bui, entre outros. "Estou curtindo muito justamente por quebrar alguns tabus da minha vida. Como essa coisa de ser o centro das atenções. Sempre fui mais na minha", jura.
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Para convencer em cena, Carla recorreu a aulas de dança três meses antes da estreia. E, hoje em dia, toda vez que tem alguma sequência dançante, chega duas horas antes ao RecNov – complexo de estúdios da Record, na Zona Oeste do Rio de Janeiro – para ensaiar a coreografia. Ela, que nunca havia tido qualquer experiência do tipo, tem se surpreendido com a própria performance.
"No início, eu não sabia como seria, ficava naquela expectativa. Mas, no primeiro dia que tocou a música, foi totalmente diferente do que eu pensava. Ali, a gente tem de se adaptar à cena e ao show", conta. Como, na trama, Laura também trabalha como enfermeira, a atriz resolveu passar um dia no Hospital Miguel Couto. Lá, aprendeu a tirar pressão, a arrumar uma cama de leito e ainda viu um uniforme da época da novela, ambientada nos anos 1970. "Fora as palestras que tivemos com um historiador na Record", completa.
Pecado Mortal marca também o reencontro de Carla com o texto de Carlos Lombardi. A atriz já havia participado de duas produções do autor: Quatro Por Quatro, em 1994, e Guerra e Paz, em 2007. Por isso, o conhecimento prévio da forma que ele tem de escrever a ajuda em cena. O que facilitou ainda mais foram os encontros entre o elenco e Lombardi antes do início das gravações. "O texto dele é muito rápido e tem um 'quê' de comédia que é simples. Nas leituras, ele deu o ritmo, disse o que queria mais rápido", explica.
Outra característica forte das tramas de Lombardi são os corpos expostos de seus atores. Com Carla não é diferente. Ainda mais na pele de uma stripper. E ela precisou ser disciplinada. Assim que soube que estava escalada para a primeira novela de Carlos Lombardi na Record, se deu conta de que teria de retomar a boa forma. Em dois meses, emagreceu 11 quilos. "Em José do Egito, eu estava bem acima do peso. Também, com aquelas roupas largas, a gente não se preocupava muito", confessa, aos risos.
Antes de ingressar na carreira de atriz, Carla nutria uma vontade de ser veterinária. Mas, a convite de uma amiga, foi conhecer uma agência de modelos e acabou fazendo alguns comerciais. Até que foi chamada para participar da Oficina de Atores da Globo. E, a partir de então, as oportunidades na tevê foram surgindo. "Não fui atrás, não estudei para caramba. Tudo foi acontecendo", recorda ela, que estreou em Quatro por Quatro, aos 18 anos, mas ganhou mais destaque em trabalhos dirigidos por Walter Avancini, como Xica da Silva e Mandacaru.
Memória afetiva
É com carinho que Carla Cabral se lembra dos tempos em que era dirigida por Walter Avancini. O trabalho com o diretor, falecido em 2001, começou em Tocaia Grande, exibida pela Manchete em 1995. Ela foi convidada para fazer um teste e acabou entrando no meio da trama para viver Diva. "Aí, já fiquei para a próxima novela, Xica da Silva, com uma personagem mais importante", frisa ela, que, no papel seguinte, conquistou sua primeira protagonista: a Juliana de Mandacaru, também sob o comando de Avancini.
Agora, em Pecado Mortal, Carla é dirigida pelo filho de seu descobridor, Alexandre Avancini. E procura colocar em prática tudo o que aprendeu no início da carreira. Sem afetações, ela é do tipo que se entrega a todas as cenas e dispensa dublê. "Vou muito na gana porque o Walter Avancini exigia isso. Foi uma excelente escola. É um privilégio ter começado com o pai e agora continuar com o filho", valoriza.
Instantâneas
# Carla Cabral deixou de assinar como Carla Regina no início de 2013 por dois motivos: homenagear o pai, que tinha o mesmo sobrenome, e atrair boas vibrações, de acordo com a numerologia.
# A atriz foi protagonista de Seus Olhos, novela exibida pelo SBT em 2004.
# Para suprir o desejo que tinha de ser veterinária, Carla abriu uma "pet shop" virtual que vende acessórios divertidos para cães e gatos.
# Ela protagonizou o longa Espelho D'Água – Viagem ao Rio São Francisco, de 2004, ao lado de Fábio Assunção.
