'Salve Jorge' chega ao final com Giovanna Antonelli como destaque
A naturalidade de Giovanna Antonelli em cena impressiona. Não fosse pela intérprete da delegada Heloísa, o enredo fraco de Salve Jorge seria ainda mais enfadonho. Desde o início, ficou claro que a atriz teria uma posição de destaque no folhetim de Gloria Perez. Mas, agora na reta final, é evidente que ela "colocou a novela no bolso" e praticamente assumiu o posto de protagonista. Giovanna construiu uma personagem rica em nuances, com ares de heroína e, ao mesmo tempo, fraquezas – como, por exemplo, na relação complicada com a filha, Drika, interpretada por Mariana Rios.
E esteve presente nas principais cenas de ação, ofuscando o que seria a grande aposta da trama: Nanda Costa, que estreou como protagonista de novelas na pele de Morena. Nanda, no entanto, não fez feio. Apenas não tinha a bagagem necessária para segurar um folhetim das 21h nas costas. Como fez Giovanna, com graça e louvor. A experiência da atriz, aliás, também foi aproveitada por Alexandre Nero, que vive o advogado Stênio.
Com cerca de cem atores no elenco, foram poucos os que realmente se sobressaíram. Nero foi um deles. Ao lado de Giovanna, ele demonstrou versatilidade cênica, intercalando momentos de humor e drama na pele de seu personagem. Mas não só de boas atuações uma novela é feita. Salve Jorge deixou a desejar em um quesito de extrema importância: a história. Com pouco consistência, a trama foi recheada de momentos sem sentido e situações, no mínimo, bizarras.
Como a primeira vez em que Lívia, vilã de Claudia Raia, usou uma seringa para matar alguém. Nos capítulos seguintes, diante da repercussão negativa que a sequência gerou, a autora arranjou um jeito de justificar a arma quando a personagem deixou claro que sempre andava com uma seringa na bolsa. Sem falar nos erros de continuidade, personagens que sumiram sem qualquer explicação e tramas que não foram desenvolvidas.
Aliás, a maior parte delas. Perto do último capítulo, é normal que muitas situações se resolvam em um curto espaço de tempo e que a novela ganhe mais ação. Mas esse recurso previsível, de deixar o melhor para o final, acabou prejudicando o percurso completo. Ao longo de quase todo o folhetim, a impressão de que nada acontecia era forte. Mesmo assim, apesar de ter sido alvo de muitas críticas da mídia, Salve Jorge tem batido na casa dos 40 pontos com frequência.
Pelo visto, o hábito de ligar a TV para assistir à novela das 21h ainda fala mais alto no telespectador do que a procura por conteúdos de qualidade.