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Ator exalta crítica de 'Sangue Bom' à busca exagerada pela fama: "ousado"

20 out 2013 - 08h46
(atualizado às 08h46)
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Rodrigo Lopez interpreta o personagem Vitinho na novela global 'Sangue Bom'
Foto: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias / Divulgação

A crítica ao meio artístico é evidente no discurso de Rodrigo Lopez. O ator, que interpreta o convencido Vitinho, de Sangue Bom, passou muitos anos vivendo do teatro em São Paulo, até conquistar um espaço na televisão, em 2008, quando encarnou o homossexual Betão, em Beleza Pura. Hoje, às vésperas de se despedir de sua terceira novela, ele garante que um dos principais prazeres que teve ao trabalhar na trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari foi poder "curtir com a cara" de quem faz de tudo para ficar famoso. "Os valores mudaram demais e achei ousado uma novela mostrar isso", critica.

A primeira investida de Rodrigo na TV, na verdade, se deu em 1994, quando interpretou um cafetão no remake de Éramos Seis, do SBT. Mas foi nesses cinco anos de contrato com a Globo que o ator se tornou, de fato, conhecido do público. E assume: depois que experimentou o reconhecimento que uma novela pode trazer, não quer largar. Talvez por isso ele sente tanto ter sido escalado para apenas três folhetins nesse período. "Eu achava que trabalharia mais. Tive bons papéis, não posso me queixar. Só espero experimentar outros horários e gêneros em um futuro próximo", torce Rodrigo, que viveu também o malandro Chico, no remake de Ti-Ti-Ti.   

TV Press – Em Sangue Bom, seu personagem é um diretor de TV que, pelas mãos dos autores, serve para criticar a busca pela fama que permeia o meio artístico atualmente. Como você encara isso?

Rodrigo Lopez –

Eu me amarro em fazer parte dessa crítica. Gosto mesmo de tirar esse sarro e acho perfeitamente pertinente. Se você for olhar a maioria dos veículos de comunicação de hoje, virou uma loucura essa questão da fama. Tem gente que gasta seu tempo inteiro atrás desses 15 minutos de exposição. Que, na verdade, estão deixando de ser só 15 minutos. Por isso, eu acho legal tocar na ferida. E essa fama não é um Olimpo. Tem neguinho que não trabalha, só dá pinta. O Vitinho é um burro. E o pior é que tem um monte de Vitinhos por aí.

TV Press – Este é seu terceiro papel cômico na TV. Essa constância de personagens de humor preocupa você?

Rodrigo –

Acho que isso acontece mesmo e na TV é assim: as pessoas não querem correr grandes riscos. Adoraria que me vissem de outra maneira, é claro. Até porque eu sei que sou ator para mais talheres do que esses. Só que também gosto bastante de fazer comédia. O problema da televisão é que a gente acaba virando isso, se torna conhecido só por causa disso. E deixa de ter chance de mostrar que pode ir mais longe.

TV Press – Que outros tipos você gostaria de poder interpretar na TV?

Rodrigo –

 Tenho muitas vontades quando penso em possibilidades de trabalhos na teledramaturgia. Se possível, eu curtiria fazer um personagem de época e experimentar outras faixas de horário – até agora, só fiz novelas das 19 horas. Esses projetos exibidos às 23h dão mais liberdade à equipe e me parecem interessantes. O que espero mesmo é que apareçam novos convites ou testes para trabalhos que me tirem dessa zona que tenho habitado. Como para um vilão, um deprimido ou um padre, por exemplo. A Marisa Orth é uma atriz dramática inquestionável, mas é nacionalmente conhecida pela comédia. Deveriam apostar mais no diferente. Até interpretar um mocinho eu acho que seria um exercício e tanto. Embora essa não seja minha meta de vida.

TV Press – Por que diz que ser um protagonista não é sua meta de vida?

Rodrigo –

 Acho que são personagens extremamente difíceis e sei o quanto é complicado achar um ator para ocupar esse posto de galã. Geralmente, são personagens que se debatem feito peixes fora d´água. Gostaria de experimentar pela vitrine. Sim, porque muitas vezes nem é o melhor papel da história, mas o brasileiro acha que você só chega lá quando ocupa a posição de galã.

TV Press – Você fez sua primeira novela no SBT, em 1994, mas só engrenou mesmo a carreira no veículo a partir de 2008, com Beleza Pura, na TV Globo, já com 38 anos. Como avalia sua trajetória nos folhetins até aqui?

Rodrigo – 

Acho que aconteceu na hora em que tinha de acontecer. Antes, já achei que não havia espaço para mim, que era um mercado difícil e que eu não deveria tentar. Também já pensei que não sabia fazer e até o contrário, que era bom demais e que não tinha de me dedicar às novelas. Mas posso dizer que me dou bem com a TV. Sempre vivi do teatro, mas o reconhecimento que a TV dá é incrível. Tenho isso desde

Beleza Pura

 e não penso em perder.

Fonte: TV Press
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