Wagner Moura e Ana Paula Arósio deixaram 1ª novela das nove da Globo há 14 anos
Personagens de trama da Globo foram escritos especialmente para a dupla, mas convite de autor não foi suficiente para convencer os atores
Em 17 de janeiro de 2011, há 14 anos, a Globo estreava Insensato Coração, trama de Gilberto Braga anunciada como a 1ª novela das nove da emissora — até então, os folhetins do horário eram chamados de novela das oito. O casal protagonista da novela, inicialmente, seria interpretado por Wagner Moura e Ana Paula Arósio, mas os atores recusaram os papéis e deixaram o folhetim nas mãos de Eriberto Leão e Paolla Oliveira.
Desejo de trabalhar com Wagner Moura
O projeto de Insensato Coração, como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, surgiu do desejo de Gilberto Braga de ter Wagner Moura como protagonista. O autor, na época, estava impressionado com o desempenho do ator na novela Paraíso Tropical (2007).
Para ter Wagner em seu elenco, Braga decidiu mudar uma fórmula antiga de fazer novelas e, após diversas histórias centradas em figuras femininas, decidiu escrever uma trama focada em dois irmãos com personalidades opostas, onde um nutriria uma inveja doentia do outro.
Inicialmente, Wagner seria o irmão bondoso e Fábio Assunção interpretaria o antagonista, mas o primeiro sequer chegou a aceitar o convite — o papel ficou com Eriberto Leão — e Fábio Assunção abandonou a novela no meio das gravações para se dedicar ao tratamento contra dependência química, dando a oportunidade de Gabriel Braga Nunes viver o vilão Léo.
Desistência de Ana Paula Arósio
Para o papel de Marina, a heroína da trama, Gilberto Braga escolheu Ana Paula Arósio, com quem nunca havia trabalhado. Xavier relembra que, em julho de 2009, ao ser convidada, Ana Paula afirmou: "Fui convidada pelo Gilberto Braga, o que me envaideceu muito". O autor retribuiu: "Fizemos o papel especialmente para ela".
Entretanto, um episódio destacado pelo Teledramaturgia como inédito na TV brasileira ocorreu: em outubro de 2010, a atriz não compareceu ao primeiro dia de gravação e anunciou, por meio de seu assessor, que não participaria mais da novela. De acordo com relatos resgatados por Xavier, Ana Paula teria dito em seu primeiro encontro com Gilberto Braga e Dennis Carvalho que não queria interpretar mocinhas tradicionais.
O autor e o diretor garantiram que Marina seria diferente, mas após receber 20 capítulos para estudo, a atriz concluiu que a personagem não correspondia ao prometido. Dois meses depois, em 20 de dezembro de 2010, Arósio pediu o fim de seu contrato com a Globo e não voltou a atuar, o que demonstra que a atriz, provavelmente, se quer tinha o desejo inicial de aceitar o papel, mas foi convencida.
Dennis Carvalho relatou que, antes da desistência, Ana Paula participou de provas de figurino, leituras de roteiro e reuniões com Gilberto Braga. Ela também solicitou referências de livros e filmes a Ricardo Linhares e chegou a cortar o cabelo para o papel. Gilberto Braga ficou indignado e chamou a atitude da atriz de "postura extremamente antiprofissional".
Sucesso após crise
Apesar das dificuldades nos bastidores e de certa lentidão para engrenar, a personagem de Glória Pires, Norma, fez sucesso com o público, que ficou ansiosa para ver a transformação da inocente em uma personagem fria e vingativa.
A atriz e seu parceiro de cena, Gabriel Braga Nunes, foram premiados pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como melhor ator e melhor atriz de 2011. O intérprete do vilão também recebeu o Troféu Imprensa de melhor ator.