Novo chefe do jornalismo da Globo passa na 1ª prova de fogo e tem próximo desafio
Ricardo Villela conduz a equipe em cobertura complexa afetada por ataques verbais contra a emissora
A cobertura da Globo das enchentes no Rio Grande do Sul merece elogios pelo esforço dos profissionais. Não apenas os de vídeo, também aqueles que atuam atrás das câmeras, como produtores e cinegrafistas.
As matérias e os ‘links’ (entradas ao vivo) informam o telespectador e, especialmente, orientam a população diretamente atingida por um dos maiores desastres climáticos da história do Brasil.
Um componente se destaca: a humanização dos relatos. Apresentadores e repórteres enviados às regiões mais atingidas sentem na pele a tristeza trazida pelas águas e a incerteza a respeito do futuro de milhares de famílias.
Com audiência relevante em todos os cantos do país, a Globo divulga dia e noite os meios adequados para doações. Essa campanha estimulou, certamente, milhões de brasileiros a colaborar com os gaúchos desabrigados.
No comando deste trabalho jornalístico com viés humanitário está Ricardo Villela. Funcionário da empresa desde 2005, ele assumiu em janeiro a direção-geral de jornalismo do canal. Sucedeu a Ali Kamel, que ocupou o cargo por 12 anos.
A força-tarefa para acessar as áreas alagadas, apurar informações e transmiti-las da madrugada ao fim da noite tem sido a primeira prova de fogo do jornalista. Pode-se afirmar que ele está vencendo a batalha com competência e sensibilidade.
Um dos acertos foi deslocar William Bonner do estúdio do ‘Jornal Nacional’, no Rio, para as regiões de alagamento em Porto Alegre. “Todo artista tem de ir aonde o povo está”, canta Milton Nascimento em ‘Nos Bailes da Vida’. A mesma asserção vale para qualquer jornalista.
Ancorar a cobertura no epicentro da tragédia faz a diferença. Ao trocar o terno e gravata por camiseta e jeans, e conversar olhos nos olhos com a população desolada e os incansáveis voluntários, Bonner presta um serviço ao Brasil.
Ressalta a importância de superarmos a guerra político-ideológica dos últimos anos em nome do espírito coletivo e da solidariedade. Os episódios de hostilidade contra o apresentador e a emissora no meio da enchente – os gritos de “Globo lixo” acontecem até no ‘ao vivo’ de outras TVs – dão ainda mais valor ao seu trabalho.
Conhecido por ser acessível e agregador, politizado e discreto, Ricardo Villela terá outro desafio em breve: a cobertura das eleições municipais, em outubro. Na prática, a campanha já começou.
O evento gigantesco deve ser marcado pela guerra entre progressistas e a extrema-direita, o uso antiético da Inteligência Artificial e a escalada do ódio contra os profissionais da Globo. Assim como Hércules, o número 1 do jornalismo do canal não terá descanso tão cedo.