Novo Jean, novo Arthur? Diego é alvo de homofobia que pode levá-lo à vitória
No ‘BBB25’, ginasta representa milhões de brasileiros anônimos em sofrimento pela saúde mental abalada
Era uma vez um participante do ‘Big Brother Brasil’ que se tornou vítima de comentários homofóbicos. Revoltado, o público votou para fazê-lo campeão. Assim, Jean Wyllys venceu o ‘BBB5’ e entrou para a história como o 1º gay declarado a triunfar no maior reality show da televisão brasileira.
Corta para 2025.
Competidores fazem piadas e imitações da voz e dos trejeitos de Diego Hypolito. Tudo pelas costas do ginasta. Descontentes, milhares de telespectadores enchem as redes sociais – especialmente o X – de mensagens contra os agressores e manifestam apoio ao antes desprestigiado participante homossexual.
Vinte anos depois, será que teremos outro vencedor gay impulsionado pelo senso de justiça da audiência? A conferir.
O bullying praticado principalmente por Gabriel e os gêmeos João e João não chega a surpreender. A maior decepção é com Diogo, formado em Psicologia e, até então, o mais sensato da casa, pelo menos no discurso.
A cena em que debocha da maneira como Diego fala, provocando gargalhada na ‘plateia’, enfraquece seu esforço em parecer íntegro no jogo. Assim como ele já reclamou do racismo por usar dreadlocks, deveria não replicar o preconceito baseado na heteronormalidade.
Craque em saltos, Diego Hypólito deu uma pirueta no jogo: figura agora entre os mais populares do fraco ‘BBB25’. O peculiar senso de humor, associado à homofobia recreativa praticada por quem acha graça zombar de suas características, desmancharam a resistência a seu nome.
Inicialmente, sem apoio da comunidade LGBT+ pela fama de ‘gay de direita’ devido a fotos tiradas com Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, o brother agora ganha a torcida de quem já sentiu na pele os olhares enviesados, os risos debochados, os dedos em apontamento, o preconceito por não performar como um machão.
As crises de ansiedade e a explícita baixa autoestima também o humanizam e geram solidariedade. A Globo erra, mais uma vez, ao não usar seu exemplo para falar sobre saúde mental. As dores emocionais do esportista são as mesmas sentidas por milhões de brasileiros anônimos que não sabem como lidar com a situação.
Vitorioso ou não no programa, o medalhista de prata na Olimpíada do Rio deve sair da casa do ‘Big Brother’ com imagem bem melhor do que entrou. Não deixa de ser ótimo prêmio a quem entrou quase cancelado. Será Diego o novo Arthur Aguiar?
