O dia em que Jô Soares se transformou no Neo de Matrix
Março de 2000. Um auditório na sede da Globo, no bairro do Brooklin, em São Paulo, está lotado de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Todos à espera da grande estrela recém-contratada.
De repente, um burburinho. Cabeças se viram para trás: lá vem ele, estiloso, vestindo casaco longo preto.
"Cuidado comigo, hoje eu vim de Matrix!", brincou Jô Soares, referindo-se ao figurino do personagem Neo, interpretado por Keanu Reeves na franquia dos Wachowski.
Na semana seguinte, o showman estreava nos fins de noite da emissora. Dezessete temporadas e 15 mil entrevistados depois, o talk show chegou ao fim na sexta-feira (16).
Em seu ano de despedida, Jô se manteve à frente dos concorrentes no Ibope. No ar de março a dezembro, o programa registrou 6 pontos de média.
O The Noite de Danilo Gentili (SBT) e o Programa do Porchat, de Fábio Porchat (Record), estão com 4.5 pontos de média anual.
O sofá de Jô era mais relevante do que os índices de audiência e as cifras de faturamento. Agregava prestígio imensurável à programação da Globo e servia de propulsor de divulgação para quem nele se sentava.
Ser entrevistado por Jô Soares passou a ser relevante item curricular para artistas, jornalistas, escritores, cientistas, inventores e milhares de anônimos com uma boa história para contar.
Comovido com as homenagens recebidas nos últimos meses, o apresentador explicitou a vontade de continuar a trabalhar em TV.
O final imperativo de sua atração pode ser boa uma oportunidade de reinventar-se aos 79 anos.
