O melhor a fazer contra uma subcelebridade vazia e tóxica
A imprensa e os usuários das redes sociais precisam ser mais criteriosos para não promover figuras mesquinhas do circo midiático
O mundo da fama é povoado por diferentes perfis. Basicamente, há o artista com obra consistente, a personalidade midiática que se mantém pelo status e a subcelebridade capaz de qualquer sacrifício para ficar sob os holofotes.
Este último tipo geralmente não produz conteúdo relevante. Apenas faz caras e bocas, solta declarações 'lacradoras', se cobre com figurino caro (muitas vezes emprestado), ostenta uma riqueza que não possui e vai a muitos eventos para se exibir.
A maioria dos famosos dessa categoria não conhece conceitos elementares como decoro, ética e privacidade. Só o que interessa é conseguir mais visibilidade para alimentar o próprio ego inchado e forjar uma carreira.
O autoengano sobre ser importante e a obsessão pelo estrelato geram comportamento tóxico. Tornam-se arrogantes, intolerantes e superficiais. Passam a se enxergar mais afamados, respeitáveis, bonitos e sedutores do que realmente são.
Rodeados de bajuladores, perdem a conexão com a realidade e com a própria essência. Passam a viver um personagem. Ou melhor, uma caricatura piorada de si mesmo. Riem forçadamente, choram lágrimas fingidas, vendem uma felicidade explicitamente falsa.
A imprensa os estimula, como se oferecesse veneno numa taça de cristal. O noticiário precisa desses coadjuvantes. Eles entregam o exibicionismo e a polêmica que atrai audiência. Enquanto isso, os grandes artistas e as celebridades renomadas preferem se blindar contra a superexposição.
Uma fração numerosa de público também colabora com a alienação. Os fanáticos — imprescindível diferenciá-los dos fãs com conduta saudável — endeusam as subcelebridades por desejar ser como elas e, talvez assim, dar algum sentido à própria existência.
Sentindo-se empoderados, alguns dos famosos de terceira categoria extrapolam. Apresentam-se impulsivos, hostis e sem empatia. Capazes de passar por cima de tudo e todos, principalmente quando são contrariados ou se sentem derrotados. Em alguns casos, flertam com a sociopatia.
Disparam ataques contra inimigos eleitos: outros escravos da fama, emissoras de TV, concorrentes em programas, ex-funcionários... Não raro, protagonizam vexames diante das câmeras. O máximo que conseguem é se apequenar, ficando ainda mais distantes daqueles que ocupam o topo do universo artístico.
O melhor a fazer com eles — ou contra eles, se preferir — é ignorá-los. Não servir de catapulta nem claque. Como escreveu o genial dramaturgo francês Molière, "o desprezo é uma pílula amarga". O filósofo espanhol Baltasar Gracián y Morales complementa. "O desprezo é a forma mais sutil de vingança."
Tire o palco, e a subcelebridade vai cambalear. Cabe aos jornalistas e aos veículos profissionais de comunicação não promover quem nada tem a oferecer, ou, pior ainda, aquele que oferece apenas futilidade, cafonice e ódio. Em defesa da arte e dos verdadeiros artistas, não devemos aplaudir a mediocridade.