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O poder dominante da Globo é um risco à TV?

Emissora tem tanta influência que presidente Temer enviou emissário para pedir clemência

29 mai 2017 - 14h48
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A mídia é o quarto poder. Mas, às vezes, demonstra mais força do que os outros três: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

No Brasil de hoje, a televisão tem papel fundamental na crise política. Os telejornais podem destacar ou amenizar denúncias, resgatar ou sepultar de vez biografias de homens públicos engolidos por delações bombásticas.

William Bonner e Renata Vasconcellos, âncoras do ‘JN’, o telejornal mais temido pelos políticos
William Bonner e Renata Vasconcellos, âncoras do ‘JN’, o telejornal mais temido pelos políticos
Foto: Reprodução/@jornalnacional / Sala de TV

O jornalismo da Globo é o mais temido, justamente por seu assustador poder de influência. O ‘Jornal Nacional’ chega a atingir 7 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo, principal praça de aferição de audiência do Ibope.

Multiplique essa abrangência pelas demais regiões do País e terá dimensão do que significa ser personagem de uma notícia negativa no principal jornalístico do canal líder da televisão brasileira.

Chamada de ‘golpista’ por quem a viu como apoiadora do impeachment de Dilma Rousseff, a Globo agora surpreende pelo posicionamento crítico a Michel Temer.

O jornal ‘O Globo’, que, assim como a emissora, faz parte do Grupo Globo, chegou a defender a saída do peemedebista em editorial no dia 19 de maio. Um trecho: “O presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o Brasil”.

De acordo com alguns colunistas, como Mônica Bergamo, da ‘Folha de S. Paulo’, Temer enviou o secretário-geral da Presidência, Moreira Franco, para conversar com João Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo. Os dois tiveram um encontro no dia 22.

O objetivo do presidente foi questionar a cobertura contundente da Globo, que não o poupou em nenhum momento. O emissário ouviu que a TV manterá o mesmo tom e vai continuar defendendo a renúncia como melhor solução para a crise.

Esse poder gigantesco tira a emissora do papel de mero noticiador para transformá-la também em agente político, com interferência direta nos rumos dos País. Afinal, milhões de brasileiros se pautam pelo que a TV exibe e indica, sem contestá-la, ignorando o contraditório.

A Globo não merece sofrer culpabilização por ser a emissora com mais audiência e tão bajulada – e temida – pela elite política. Mérito por suas qualidades.

Mas, para o bem da TV, precisa se mostrar cada vez mais imparcial no trato com as notícias e transparente com o telespectador de seu jornalismo, dando a ele a opção de chancelar seus posicionamentos ou, se preferir, mudar de canal.

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