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O que a Globo precisa aprender com ‘Todas as Flores’ para agradar aos noveleiros

Sucesso de folhetim no streaming chacoalha a teledramaturgia do canal afetado pela rejeição a ‘Travessia’

1 jun 2023 - 10h47
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Após 85 capítulos divididos em duas temporadas chega ao fim ‘Todas as Flores’. O final será exibido ‘ao vivo’ às 18h desta quinta-feira (1) na Globoplay.

A novela criada por João Emanuel Carneiro foi um sucesso inesperado. Estreou no streaming após ter perdido a vaga no horário das 21h da TV para ‘Travessia’.

A aceitação popular aconteceu logo no primeiro bloco de 5 episódios liberados. Os amantes do gênero enxergaram uma trama envolvente com personagens cativantes.

Enquanto isso, ‘Travessia’ se mostrou um equívoco logo na primeira semana no ar, com enredo inconsistente e tipos pouco críveis. Acabou com uma das piores médias de audiência da história dos folhetins da Globo.

A primeira lição a partir da ligação das duas novelas é a falha da cúpula de teledramaturgia da emissora em avaliar o potencial das sinopses.

Como os experientes diretores não perceberam as fragilidades explícitas da história apresentada por Gloria Perez?

Ao antecipar a produção, fizeram a dramaturga escrever os capítulos iniciais às pressas. Um mau começo com evidentes danos à qualidade.

E por que deslocaram ao Globoplay uma novela com tanto potencial de gerar audiência e faturamento na TV aberta como ‘Todas as Flores’?

Qualquer amante de teledramaturgia identificaria ali um novelão eletrizante a partir de mocinha justiceira e vilãs irresistíveis em uma virada infalível de enredo.

Está evidente que a Globo precisa rever os critérios para a aprovação de novelas. Não é possível acertar sempre, porém, o canal passou a errar excessivamente na área em que sempre foi um dos melhores do planeta.

Outra questão envolve o olhar da Globo sobre o público. Antigamente, a TV reinava absoluta na sala do brasileiro. Não havia concorrência e o telespectador aceitava passivamente qualquer conteúdo oferecido na tela.

Hoje, há os canais pagos, as plataformas de streaming, os canais de YouTube, aplicativos de vídeos. Desenvolveu-se um olhar apurado sobre novelas e séries.

O público compara, critica, seleciona, rejeita sem remorso o que não considera bom. A Globo não pode mais subestimar a inteligência de quem consome sua ficção.

O desprezo e a indiferença com ‘Travessia’ e a repercussão positiva nas redes sociais e no boca a boca de ‘Todas as Flores’ provam que a audiência está cada vez mais exigente.

A novela de Gloria Perez falhou no básico: não entregou uma heroína apaixonante, tinha vilões dúbios sem alívio cômico e narrativas incoerentes. Exigiu uma benevolência que o público não estava disposto a dar.

Já ‘Todas as Flores’ veio com mocinha clássica (a sofredora que se fortalece para se vingar), vilãs sedutoras e burlescas, bons coadjuvantes e tramas plausíveis.

João Emanuel Carneiro fez um compilado do que funcionou em novelas anteriores dele que fizeram sucesso, como ‘A Favorita’, ‘Avenida Brasil’ e ‘Da Cor do Pecado’.

Ofereceu em bandeja de prata o entretenimento desejado pelos apreciadores de novelas. ‘Todas as Flores’ foi um banquete que deixou todo mundo satisfeito.

Maíra (Sophie Charlotte), Zoé (Regina Casé) e Vanessa (Letícia Colin) conquistaram o público
Maíra (Sophie Charlotte), Zoé (Regina Casé) e Vanessa (Letícia Colin) conquistaram o público
Foto: Divulgação
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