O que 'Império' pode aprender com fracasso de 'Em Familia'
Primeiros capítulos da nova trama das 21h da TV Globo ganharam atenção de telespectadores. Desafio é não repetir erros que levaram novela antecessora a fim pouco cativante
Depois da péssima herança de Em Família, Império tem uma missão pela frente: melhorar a audiência do horário nobre da Globo. A tarefa não é muito difícil, afinal, a trama de Manoel Carlos e sua última Helena não caíram não gosto do público por uma série de motivos, como personagens insosos, falta de química entre atores e erros na escolha do elenco.
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Para conquistar novamente quem já não aguentava mais assistir a Bruna Marquezine suspirando pelo destemperado Laerte, e fidelizar os telespectadores que permaneceram assistindo mesmo quando a narrativa desandou, Aguinaldo Silva deve evitar os erros cometidos por Em Família. O Terra listou os principais:
Heroína com personalidade
Império já saiu na frente ao trazer a competente Leandra Leal como a mocinha da história. Por enquanto não se sabe ainda como a história da filha bastarda de Zé Alfredo irá se desenvolver, mas não é difícil criar uma empatia com o público maior do que Luiza, a garota mimada que insistiu no romance com o ex-noivo da mãe a qualquer custo, ficou viúva ao deixar a igreja e – para não ficar sozinha no fim – conhece um músico em Paris no último capítulo. Cristina, por sua vez, faz o tipo “mulher de fibra”, trabalhadora, que sofre um baque logo no início da trama com a morte da mãe.
Galã carismático
Responda rápido: quem foi o galã de Em Família? Gianechinni, certo? Afinal, Cadu foi o único bonitão que despertou a simpatia do público, já que Laerte era insuportavelmente ciumento e os “subgalãs” da trama também não davam conta do recado, como Bruno Gissoni, Sacha Bali ou Guilherme Leican e Nando Rodrigues (Laerte e Virgílio na primeira fase da novela). Império mal começou a levou a melhor com Alexandre Nero em boa forma como anti-herói, rodeado de atores com personagens masculinos mais interessantes como Caio Blat, Daniel Rocha, Rafael Cardoso e o novato Chay Suede, o Zé Alfredo do início da trama.
Bons vilões
Se Em Família não trouxe um vilão definido, Império tem a mais do que competente Drica Moraes. A atriz, que vive sua primeira grande vilã aos 45 anos, mostrou em pouco mais de 10 capítulos o que nenhum dos personagens de Manoel Carlos conseguiu mostrar em seis meses de novela: uma vilã imprevisível que realmente pode gerar uma reviravolta na trama. Além disso, Cora pode ganhar a companhia de outros personagens durante a história na "missão maldade", como Zé Pedro (Caio Blat) e a ambiciosa Maria Marta (Lívia Cabral).
Personagens cômicos (de verdade)
É até covardia tentar lembrar de quem foi responsável pela parte mais “leve” de Em Família, afinal, a personagem de Viviane Pasmanter, Shirley, arrancou as únicas risadas possíveis da audiência. Até agora, a travesti cabelereira Xana e o blogueiro Téo Pereira são os personagens com maior potencial cômico de Império, resta saber se Aguinaldo Silva vai se aproveitar somente dos trejeitos dos personagens para mostrar o lado bem humorado do folhetim ou dar textos realmente originais a Ailton Graça e Paulo Betty.
Déjà vu
Na tentativa de acrescentar um pouco de ironia ao seu enredo, Manoel Carlos usou o truque barato de repetir casos do início da trama. Nesse caso, Império já levou a melhor por ter uma história central mais original. Daqui em diante, se a direção fizer uso dos flashbacks apenas para explicar alguns pontos da trajetória dos personagens, já está de bom tamanho.
Emoção para abordar questões socias
Em Família quis colocar em pauta tantas questões sociais na mesma trama, que tornou os conflitos de muitos personagens entediantes, com cenas didáticas demais - vide o casamento de Clara e Marina. Em Império, já é possível identificar alguns assuntos que poderão ser abordados: a aceitação da travesti Xana, a homossexualidade oculta de Cláudio Bolgari e a truculência de Reginaldo com a esposa Tuane, por exemplo. O desafio é falar sobre todos eles sem precisar dar uma "aula" ao telespectador, dando a devido emoção que cada conflito merece.