O que ‘Pantanal’ gerou à Globo após 50 capítulos exibidos
Novela ‘raiz’ cai no gosto do público, encerra crise de audiência e abre caminho para novos remakes
Dona Globo vê a crise no horário nobre pelo retrovisor. Ficou lá atrás. Em menos de 2 meses no ar, ‘Pantanal’ reabilitou a faixa das 21h30 às 22h30.
Em seus primeiros 50 capítulos, exibidos até terça-feira (24), a novela marcou média de 28.2 pontos – exatamente 6 a mais do que a antecessora ‘Um Lugar ao Sol’ conseguiu no mesmo período.
Um crescimento de público de 27%. Estes índices se referem à Grande São Paulo. Cerca de 1,2 milhão de paulistanos que haviam deixado de sintonizar a Globo no horário do folhetim das 9 voltaram ao canal.
Para se ter ideia do impacto positivo de ‘Pantanal’, a emissora carioca ganhou em pouco tempo o equivalente à audiência inteira da RecordTV, segunda colocada no ranking do Ibope.
Às segundas, a novela registrou médias acima de 30 pontos nas últimas 5 semanas. O melhor desempenho até agora, de 31,6 pontos em 16 de maio, representa 6,5 milhões de telespectadores somente na região metropolitana de SP.
Há aprovação também na internet. Aumentou o engajamento pela emissora. O tititi nas redes sociais é um importante termômetro para certificar o sucesso de uma produção de TV. O antigo ‘boca a boca’ agora é o ‘clique a clique’: os canais precisam de bons números de comentários, compartilhamentos e ‘likes’ para agradar aos anunciantes.
Os noveleiros compraram o ritmo mais lento de ‘Pantanal’, com convite à contemplação das paisagens pantaneiras, além de aprovar o realismo fantástico de alguns personagens (mulher que vira onça, homem que se transforma em sucuri, peão com pacto com o diabo) e as várias tramas pautadas em conflitos de personalidade.
O folhetim embalado por modas de viola se revela um eficiente escapismo a quem, após um dia tenso, não quer saber de inflação, covid-19, fake news, ataques ideológicos entre direita e esquerda, Bolsonaro e Lula, guerra na Ucrânia, entre outros temas altamente estressantes.
A cúpula da Globo alimenta a expectativa de que a novela protagonizada por Juma (Alanis Guillen) e Jove (Jesuíta Barbosa) consiga média geral entre 30 e 32 pontos até outubro, quando chegará ao fim. Dessa maneira, colocaria a faixa mais nobre da teledramaturgia do canal de volta ao patamar de audiência pré-pandemia.
O êxito atual dá força ao projeto de produzir outros remakes. Gente poderosa na Globo sonha com novas versões de fenômenos como ‘Roque Santeiro’ (1985/1986), ‘Vale Tudo’ (1988/1989) e ‘Tieta’ (1989/1990). Os saudosistas certamente aprovam a ideia.