Ocimar Versolato: auge na moda, autoexílio e morte precoce
Estilista que experimentou a fama na alta costura de Paris sofreu AVC aos 56 anos
“A moda passa, o estilo fica”, sentenciou Coco Chanel.
Ocimar Versolato, que morreu na sexta-feira (8), em São Paulo, devido a um acidente vascular cerebral, experimentou o ápice na carreira: foi o estilista de uma grande casa de moda parisiense, a Lanvin. Mas a parceria terminou em frustração.
Mesmo assim, a visibilidade internacional conquistada na década de 1990 o colocou em patamar superior ao ocupado pela maioria dos designers brasileiros.
Versolato, saído de São Bernardo do Campo, cidade industrial do ABC paulista, atingiu tamanha badalação em seu auge que mereceu capas de ‘Caras’ – tipo de futilidade tão desejada quanto desprezada no mundinho fashion.
Assediado por celebridades, vestiu Tônia Carrero, Naomi Campbell, Ney Matogrosso, Luiza Brunet, Betty Lago, Edson Cordeiro e Sonia Braga, para quem criou o figurino de Tieta no filme homônimo de Cacá Diegues, em 1996.
Para ele, desfilaram as tops Gisele Bündchen, Fernanda Tavares, Shirley Mallmann, Silvia Pintor, Karen Mulder e a atriz sueca Emma Sjöberg.
Adepto do hollywoodianismo, criava vestidos para divas: brilho, volume, decote, dramaticidade, volúpia. “O meu trabalho é realizar o sonho das pessoas”, disse em entrevista no ‘Roda Viva’, da TV Cultura, há 22 anos.
Crise financeira e decadência da imagem fizeram Ocimar afastar-se dos holofotes. O sucesso inicial jamais foi repetido. “Fui melhor estilista do que empresário”, admitiu.
Nos últimos anos, raramente aparecia em eventos públicos e evitava contato com a imprensa. Trabalhava no mercado financeiro, longe do glamour das passarelas.
No Instagram, ele registrava encontros frequentes com amigos igualmente estelares, como o premiado fotógrafo mineiro Sebastião Salgado, com quem esteve na última viagem a Paris, em outubro.
Versolato, que também trabalhou com Gianni Versace e teve sua própria grife, foi prova viva de uma sabedoria popular: o difícil não é conquistar a fama, e sim mantê-la por muito tempo.
Em 2001, entrevistado pela revista ‘IstoÉ’, fez uma autoanálise. “Tive o meu momento. A grande sacada é não deslumbrar. Porque a moda é um meio muito efêmero.”
Aproveitou a ocasião para alfinetar os estilistas da São Paulo Fashion Week que faziam questão de desprezar sua história: “Ocimar Versolato é criação, não é cópia”.