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Pattinson como Batman cala críticos e seduz machos tóxicos

Ator reafirma talento dramático e postura anti galã ao mesmo tempo em que, fora das telas, exalta a masculinidade flexível

2 mar 2022 - 11h03
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O Batman de Pattinson é viril e também carente
O Batman de Pattinson é viril e também carente
Foto: Divulgação

“Mulheres em 2008: eu amo o Robert Pattinson como vampiro. Homens em 2022: eu amo Robert Pattinson como Batman”, escreveu um usuário nos comentários de um trailer no YouTube do filme do momento.

A observação irônica é certeira. Muitos dos marmanjos que desprezaram o ator por sua atuação na saga ‘Crepúsculo’ e a idolatria despertada nas adolescentes agora se rendem a ele na pele do Cavaleiro das Trevas.

No geral, a avaliação do ex-galã juvenil como Batman na nova superprodução do personagem tem sido positiva, tanto da parte dos críticos de cinema quanto dos fãs da DC Comics. O londrino de 35 anos sobrevive bem às inevitáveis comparações com os intérpretes anteriores.

Milimétrico nos gestos faciais, Pattinson superdimensiona a amargura, a melancolia e a aflição do bilionário metido a herói Bruce Wayne. “Parece um viciado prestes a desabar, ou um jovem astro do rock acabado”, definiu Justin Chang no ‘Los Angeles Times’. Há mais dores físicas e emocionais nesta versão ‘noir’ do Homem-Morcego.

O ator em fotos de Mikael Jansson para a marca Dior
O ator em fotos de Mikael Jansson para a marca Dior
Foto: Divulgação

Não é de hoje que o artista mergulha em tipos soturnos e alcança resultados interessantes. Lá estava ele como o yuppie egocêntrico Eric Packer em ‘Cosmopolis’, o ladrão autodestrutivo Connie de ‘Good Time’ e o atormentado faroleiro Ephraim Winslow de ‘O Farol’, entre outros tipos nada romantizados.

Sem seguir nenhum dos métodos clássicos de atuação (Stanislavski, Strasberg, Adler, Meisner etc.), Robert Pattinson mais uma vez prova ser bom ator, para raiva dos críticos que o desdenharam quando foi escalado para o papel. Vai se tornar o Batman preferido de milhões de espectadores.

Se a camada mais visível do vampiro Edward Cullen era a maquiagem excessiva em seu rosto, nos outros personagens citados, e agora em Batman, prevalece na atuação a tangibilidade dos sentimentos ruins que consomem o ser humano em busca de justiça e paz de espírito.

O salvador de Gotham traz um elemento extra: a virilidade desejada por homens de masculinidade frágil, mulheres em busca do macho alpha e gays que idealizam o ‘hétero top’. A sexualidade do mais humano dos heróis está sempre tentando romper seu uniforme intransponível.

Fora das telas, o ator que começou a carreira aos 12 anos como modelo de aparência andrógina (“Eu parecia uma garota”) se mostra desconstruído dos estereótipos de Hollywood e das pressões internas e externas intrínsecas à figura do homem.

A revista americana ‘Esquire’ perguntou que tipo de masculinidade ele deseja transmitir. “Você deve ser um homem tão livre quanto quiser”, respondeu. “Tem que ser flexível.”

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