Pavinatto nega ofensa, critica diretor de TV e lamenta demissão: “Dói muito”
Apresentador estreou programa na internet 24 horas após a saída tensa da Jovem Pan News em consequência de um comentário ao vivo
No início da noite de quarta-feira (23), Tiago Pavinatto reuniu dezenas de milhares de espectadores no YouTube e em algumas redes sociais ao lançar seu programa ‘Os Tremas nos Us’.
Ele admitiu que o título é uma “piadinha” com ‘Os Pingos nos Is’, atração de sua ex-emissora, Jovem Pan News. O jornalista foi desligado na terça, logo após comandar o ‘Linha de Frente’.
Antes de contar os detalhes do que aconteceu nos bastidores da TV, Pavinatto destacou o voto contrário do novo membro do STF, Cristiano Zanin, no julgamento do reconhecimento de atos de homofobia e transfobia como crime de injúria racial. O ex-advogado de Lula foi voto vencido.
“Na primeira prova de fogo, o ministro Cristiano Zanin se mostrou o melhor ministro da Corte. A esquerda bugou, a direita também deu uma bugadinha”, ironizou Pavinatto, gay de direita e execrado pela militância LGBT+. Jurista e professor de Direito, ele elogiou Zanin por “respeitar as normas jurídicas”.
Ao frisar ser homossexual e a favor dos direitos dos gays desde que sejam respeitadas questões técnicas na criação de leis, deu uma amostra de seu humor. “Da fruta que a Cicciolina gosta, eu como até a semente. O caroço já foi.”
No final de ‘Os Tremas nos Us’, o comunicador refutou a acusação de ter xingado um desembargador de “vagabundo” e “tarado” por inocentar um acusado de estuprar uma garota de 13 anos. Esse episódio resultou em sua saída da Jovem Pan News.
“Essa decisão é imunda, e o que eu disse ao vivo foi: ‘é uma pena que nós não podemos chamar de vagabundo um funcionário público que ao invés de defender a criança, chama a criança de vagabunda’. O que eu disse é que esse juiz, ao julgar esse caso, é um tarado”, afirmou.
Ressaltou não ter chamado o magistrado de vagabundo e sim lamentado a impossibilidade de fazê-lo. Negou também o uso do termo “tarado” como sinônimo de abusador.
“Tarado quer dizer pervertido, e não só no sentido sexual. Quando digo tarado dentro de uma decisão judicial, digo que é aquele que perverte a aplicação da lei. E pediram para que eu pedisse desculpas por dizer algo correto. Como eu pediria desculpa por dizer algo com absoluta correção?”, argumentou.
Na sequência, Pavinatto provocou o responsável por seu desligamento do canal. “Meu problema é saber demais, estudar demais. Se fosse um pouquinho mais burro, conseguiria pensar como as pessoas que me acusam de fazer o que não fiz e que insistiram para que eu me retratasse.”
O apresentador disse ter sido pressionado a pedir desculpas ao desembargador diante das câmeras. “Eu comecei a receber no ponto (eletrônico, aparelho de escuta usado pelos apresentadores) a mensagem: ‘olha, o diretor de jornalismo pediu para você se retratar do desembargador. Eu falei: ‘não, só me retrato do que fiz errado, não fiz nada de errado’. Recebi insistentemente: ‘se retratar, se retratar’.”
Pavinatto se emocionou ao relembrar a situação. “No meu contrato, eu tenho – eu tinha, aliás, isso me dói muito – autonomia editorial. E, claro, a responsabilidade do que falo é minha.”
Insistiu não ter ultrajado o desembargador. “Eu só detonei a decisão que ele tomou. Com graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado e uma livre-docência em curso, eu acho que tenho mérito e critério acadêmico para detonar uma decisão judicial.”
Sem citar nome, o âncora criticou o responsável por sua demissão. “Quando terminou o programa, me levantei, peguei meu crachá, fui até a sala do diretor em questão e ia entregar meu crachá e falar ‘muito obrigado por este tempo em trabalho, mas nós terminamos aqui porque eu jamais vou me retratar de algo que não está errado’. Mas esse diretor não quis me atender, falou: ‘não vou falar com ele’. Eu fui embora e ele preferiu soltar uma nota na imprensa dizendo que eu tinha sido demitido quando antes eu tinha ido lá, mas ele não falou comigo.”
Pavinatto fez questão de elogiar o dono da emissora, Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, mais conhecido como Tutinha, a quem chamou de “gênio”. “Tenho gratidão imensa pela Jovem Pan. Ninguém me conheceria se não fosse a Jovem Pan. Sou fã da Jovem Pan desde criança.”
Ao longo da transmissão no YouTube, fãs de Tiago Pavinatto fizeram inúmeras doações, com valores entre R$ 2,00 a R$ 300,00. Um deles foi especialmente generoso: enviou 99,99 dólares, quantia equivalente a R$ 485,00.