Poucas vezes a Globo se mobilizou tanto por um artista
Emissora faz programação especial para homenagear Marília Mendonça, que foi contratada do grupo da família Marinho
Marília Mendonça era uma das estrelas do casting da Som Livre. A gravadora fez parte do Grupo Globo até abril deste ano, quando foi vendida para a Sony Music. Desde a tarde de sexta-feira (5), quando o acidente com a cantora virou notícia, a TV Globo e a GloboNews fazem cobertura em tom de homenagem à ex-contratada da casa.
A primeira mudança na programação aconteceu com o cancelamento de ‘O Clone’ no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ e do capítulo de ‘Malhação: Sonhos’. O ‘Jornal Nacional’ dedicou 18 minutos ao tema e conseguiu 4 pontos a mais no Ibope na comparação com a edição da sexta anterior. Depois do final de ‘Império’, a principal emissora do País colocou no ar um especial sobre a artista, apresentado por Patrícia Poeta, na faixa ocupada pelo ‘Globo Repórter’.
Ao vivo, a âncora do ‘Jornal da Globo’, Renata Lo Prete, atualizou as informações sobre o caso e, na sequência, houve a exibição de dois episódios da minissérie documental ‘Todos os Cantos’, uma produção original do Globoplay, e reprise de entrevista de Marília a Pedro Bial no ‘Conversa com Bial’.
Na tarde de sábado, o canal carioca mudou novamente a grade vespertina. Cancelou o ‘Caldeirão’ com Marcos Mion para acompanhar o velório, o cortejo fúnebre e o enterro da ‘rainha da sofrência’ em Goiânia. No intervalo do 'JN', um vídeo assinado pela Som Livre e a própria Globo homenageou a estrela sertaneja. Mais tarde, o ‘Altas Horas’ de Serginho Groisman recuperou trechos das participações da cantora no programa.
A homenagem continua neste domingo (7). A partir das 14h35 (horário de Brasília), a Globo leva ao ar o show de encerramento visto em ‘Todos os Cantos’, no lugar do ‘Zig Zag’. O ‘Fantástico’ acionou várias equipes de reportagem pelo País para detalhar o acidente, as investigações, a trajetória vitoriosa e o legado deixado por Marília Mendonça. As matérias serão transmitidas logo mais.
Todas as grandes emissoras, com exceção do SBT, investiram em uma cobertura minuciosa da tragédia. Enviaram repórteres, ouviram testemunhas, conseguiram imagens exclusivas, debateram com especialistas em aviação, deram espaço a críticos de música. No geral, um trabalho competente e respeitoso.
Alguns poucos apresentadores, já conhecidos pela tendência ao sensacionalismo, adotaram tom excessivamente dramático a fim de conquistar uns décimos a mais de audiência. Esses maus jornalistas não merecem ter o nome publicado, pois o que buscam ao explorar a desgraça alheia é justamente isso: autopromoção.
A gigantesca repercussão midiática por Marília Mendonça faz lembrar o que aconteceu em junho de 2015, quando o cantor Cristiano Araújo morreu em acidente de carro, em Goiás. Na ocasião, milhões de brasileiros que nunca tinham ouvido falar dele foram surpreendidos com o amplo espaço dado pela imprensa.
Desta vez, aqueles que ignoram ou desprezam o universo sertanejo devem ter sido ainda mais surpreendidos com o impacto da morte da ‘patroa’ na televisão, nos portais de notícias e nas redes sociais, no Brasil e no exterior.