'Power Couple' tem gritaria, chilique, psicofobia e choro
Reality de casais da RecordTV é um teste para a saúde mental dos participantes e telespectadores
A dinâmica de domingo exibida na segunda-feira (16) fez o ‘Power Couple’ entregar em um único episódio mais ‘tiro, porrada e bomba’ do que todas as edições do Jogo da Discórdia do ‘BBB22’.
Matheus e Brenda de um lado do ringue, Nahim e Andréia na outra ponta. Foi uma das piores brigas já vistas em um reality show. Teve berros, xingamentos, risadas histéricas, dedo na cara e até provocação para embate físico.
Um momento especialmente desagradável foi quando Andréia debochou de Brenda por ela fazer uso de medicação controlada. “Cheia de ansiolítico. Por isso está calminha”, disse, em flagrante psicofobia, a discriminação contra portadores de transtornos emocionais.
Descontrolado, Nahim chamou Matheus de “moleque covarde” e o desafiou a um ‘homem a homem’. O cantor, de 69 anos, com sérios problemas na visão, se mostrou realmente disposto a sair no braço com o empresário, de 27 anos.
Ainda bem que a turma do ‘deixa disso’ entrou em ação e separou os casais para evitar uma baixaria ainda maior. Matheus foi levado para um quarto, onde chorou de raiva. O episódio terminou com todos os maridos e esposas impactados pela confusão.
Previamente avisado pela imprensa e por perfis nas redes sociais, que usaram imagens da briga fornecidas pela RecordTV, os telespectadores garantiram a vice-liderança ao canal. Às 00h15, a atração comandada por Adriane Galisteu marcava 5 pontos, atrás apenas da Globo (11 pontos). Em terceiro no ranking, com 2.9, estava o SBT.
Situações assim, com alto grau de tensão, afetam a saúde mental dos competidores. Podem servir de gatilho para reavivar más lembranças e traumas. Em casa, os telespectadores também são expostos ao mesmo risco.
Ok, só participa do programa quem quer e ninguém é obrigado a assistir. Realmente aquele que aceita entrar em um reality show está ciente dos prováveis efeitos nocivos à mente. E o público sabe bem o entretenimento ‘trash’ que o formato pode produzir.
Por que tanta gente se diverte ao acompanhar na TV a infelicidade de anônimos e famosos nesse tipo de programa baseado nos conflitos de convivência? Há várias explicações possíveis. Uma delas está associada à expressão em alemão ‘Schadenfreude’, formada pelas palavras ‘schaden’ (dano) e ‘freude’ (prazer).
Trata-se da alegria – sádica, obviamente – de testemunhar a desgraça alheia. Uma linha psicanalítica acredita que a pessoa se satisfaz ao constatar que não é a única a se dar mal na vida. Fica ainda mais eufórica quando vê a derrocada de gente poderosa e até então inabalável, como os famosos desconstruídos nos realities.
Perdão pelo politicamente incorreto, mas o mundo é mesmo um hospício.