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Qual o melhor final para Bibi: presa, morta ou redimida?

Ambígua, personagem representa a falência ética de um País em crise de identidade

15 ago 2017 - 17h14
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No capítulo de segunda-feira (14) de ‘A Força do Querer’, Bibi (Juliana Paes), já chamada de Perigosa pelos criminosos do morro, demonstrou empatia e solidariedade ao livrar Silvana (Lilia Cabral) do cárcere numa casa de jogatina.

“Você é um anjo”, disse a jogadora patológica, aos prantos. Fraternal, Bibi explicou ter retribuído a maneira respeitosa com que sempre fora tratada pela arquiteta na época do namoro com Caio (Rodrigo Lombardi).

Bibi (Juliana Paes): a personagem não tem como escapar da mensagem de que o crime não vale a pena
Bibi (Juliana Paes): a personagem não tem como escapar da mensagem de que o crime não vale a pena
Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo / Sala de TV

O gesto lembrou a ‘velha’ Bibi, aquela do início da trama: ingênua, altruísta, sonhadora. O oposto da Fabiana atual: ardilosa, vingativa e fascinada pelas benesses proporcionadas pelo dinheiro do crime.

Essa ambiguidade a faz uma personagem rica dramaturgicamente. A transição foi crível: se antes ela poderia ser considerada uma quase heroína da vida real, lutando pela sobrevivência da família, agora se apresenta como vilã, sorvendo com raiva o que lhe fora negado até então.

E poucas vezes se viu uma antagonista tão conectada com a realidade. Com indisfarçável deslumbramento pelo glamour da bandidagem, Bibi representa a falência da ética e a corrupção de princípios – temas intrínsecos a um Brasil achacado e em crise existencial.

“É muita, muita grana (do crime)”, relata a ex-estudante de Direito à mãe, Aurora (Elizângela). A dona de casa, aliás, continua incrédula ao testemunhar o veloz desvirtuamento da filha.

Bibi simboliza a ascensão social de quem quer vencer na vida à bala. Mas essa subida meteórica da base da pirâmide social ao topo do poder paralelo tem um preço. É comum pagar com a própria vida.

Eis a questão: o que a autora Gloria Perez reserva para Bibi Perigosa?

Em breve, a personagem será presa. Mas logo estará de volta às ruas – e ao morro no qual o marido, Rubinho (Emílio Dantas), se torna cada vez mais influente.

Não vai demorar para que Bibi, a esposa cúmplice, se transforme na Perigosa, uma das chefes do tráfico na região. E aí o final da personagem se faz previsível.

Ou presa definitivamente – e talvez redimida atrás das grades – ou morta numa ação policial coordenada pela inimiga, a major Jeiza (Paolla Oliveira).

Não há como a ex-manicure deixar de atender à mensagem de que o crime não compensa.

Considerado irrelevante por parte da intelectualidade, o gênero telenovela mostra seu valor com a potente dramaturgia realista de ‘A Força do Querer’, dirigida habilmente pela equipe de Rogério Gomes e Pedro Vasconcelos.

Um dos maiores problemas da sociedade brasileira está ali espelhado à espera de discussão popular. Lamentavelmente poucos se dispõem a fazê-lo.

E o Brasil continua sendo essa novela dramática na qual, dia após dia, poucos vilões massacram e debocham de milhões de heróis anônimos. Tanto na ficção quanto na vida real não há esperança de final feliz.

Paolla Oliveira finge briga e dança funk com Juliana Paes:
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