Quanto mais são odiados, mais ricos e poderosos eles ficam
Galvão, Faustão e Ratinho ignoram os desafetos e conquistam cada vez mais influência
Uma das maneiras de monitorar o sucesso de uma personalidade de mídia é contabilizar os haters que ela mobiliza.
Nesse critério, Galvão Bueno é imbatível. Trata-se de uma das figuras mais polêmicas da TV brasileira, com eco ruidoso na internet. O locutor, de 67 anos, suscita o maniqueísmo no público.
Ou você o adora ou então o detesta. Não há meio termo. Essa imagem controversa só o beneficia com espaço constante na imprensa e repercussão do que faz e diz – especialmente as gafes – nas redes sociais.
Dono de um dos maiores salários da Globo (5 milhões de reais, incluindo passagens áreas de primeira classe e outras benesses), Galvão merece o sucesso.
No ano passado, realizou ótimo trabalho como âncora nos Jogos Olímpicos do Rio e teve papel de destaque na cobertura do acidente com o avião da Chapecoense.
Em momentos como aqueles, fica evidente o valor da experiência do jornalista e a capacidade de conduzir transmissões ao vivo sem roteiro ou, ainda que bem pautado, com espaço para a necessária improvisação no calor da notícia.
Sua permanência no ar se deve ainda pela influência exercida nos bastidores. Ele é amigo pessoal de atletas, dirigentes e grandes investidores do esporte.
Basta uma ligação de Galvão e as portas se abrem com mais rapidez para a Globo, seja para a realização de uma matéria ou milionária negociação publicitária.
Esse mesmo prestígio atrás das câmeras é um dos trunfos de Fausto Silva. O apresentador é um exímio empresário: acerta pessoalmente as maiores campanhas comerciais do ‘Domingão’.
Além disso, entrega à emissora uma audiência tão positiva quanto indispensável. De janeiro a julho, seu programa marcou média de 18 pontos no Ibope – mais de 3,5 milhões de telespectadores a cada domingo somente na região metropolitana de São Paulo, a mais cobiçada pelos grandes anunciantes.
Por isso, entre ganhos fixos e comissionados, Faustão chega a faturar mais de 5 milhões de reais por mês.
A verborragia ao estilo ‘falo o que penso doa a quem doer’ incomoda muita gente, porém ele também possui numerosos admiradores. Não há sucessor à vista capaz de fazer algo melhor.
No universo virtual, Fausto, 67 anos, suscita críticas e insultos de todo tipo. Indiferente aos ataques, ele não vê ameaça ao posto de apresentador mais poderoso do império global.
Em fase menos escandalosa, Ratinho consegue bom índice de audiência: 8.5 pontos de média este ano. É um número interessante para o horário nobre do SBT.
Recentemente, surgiu o boato de sua transferência para o domingo. Seria uma tentativa de melhorar o desempenho do canal de Silvio Santos diante do crescimento da Record no fim de semana.
Enquanto a mudança não se confirma, o apresentador continua na atração diária, bem popular, com lampejos de jornalismo. Algumas entrevistas feitas por ele com figuras da política mereceram elogios.
A coloquialidade de Ratinho o aproxima do povo e, ao mesmo tempo, o faz porta-voz dessa gigantesca parcela anônima da sociedade. Com deboche e, às vezes, irado, ele verbaliza o que a maioria pensa a respeito das mazelas do País.
Aos 61 anos, Carlos Massa é um homem milionário. Comanda uma rede de emissoras, rádios e investimentos na agropecuária.
No SBT, é sócio do patrão em seu horário; dividem o lucro do programa. A Ratinho ‘sobra’ cerca de 4 milhões mensais.
Tantas vezes rechaçado na mídia por conta de atrações apelativas levadas ao ar, agora está quase ‘light’. Hoje, seria o apresentador mais credenciado a ocupar o vácuo deixado por eventual aposentadoria de Silvio Santos.
E assim, celebrados por uns e demonizados por outros, Galvão, Faustão e Ratinho seguem em situação confortável na TV e com valioso prestígio fora dela.
Aprenderam a se alimentar dos aplausos enquanto fingem não ouvir as vaias. Aliás, o barulho que escutam é outro: o do dinheiro entrando sem parar na conta bancária.