Quase todas as novelas atuais da Globo têm gays em destaque
Há de tudo: enrustido, afeminado tarado, adolescente lésbica e drag queen com filho
Poucas vezes se viu tamanha representatividade da comunidade LGBTT (Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros) na tela da emissora líder em audiência no País. Em ‘Malhação – Viva a Diferença’, repercutiu na mídia o beijo entre Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) no capítulo de terça-feira (2).
A cena foi festejada pelos ativistas contra a homofobia. Exibida na faixa das 18h, foi vista por milhões de crianças e adolescentes que acompanham a trama juvenil.
A bem-sucedida temporada atual de ‘Malhação’ apresenta outro personagem homossexual. O estudante Gabriel (Luis Galves) vai se assumir gay e enfrentar rejeição do pai, Roney (Lúcio Mauro Filho), e bullying na escola.
Há ainda a possibilidade de outro aluno, Guto (Bruno Gadiol), também ser gay e enfrentar dificuldade com a autoaceitação da orientação sexual.
Ao celebrar as diferenças, ‘Malhação’ debate a diversidade sexual, o sexismo e o machismo de uma maneira que tem agradado o telespectador.
Está com média de 21 pontos no Ibope, três a mais do que a antecessora ‘Malhação – Pro Dia Nascer Feliz’.
Ambientada na década de 1920, ‘Tempo de Amar’ pode ter um romance lésbico. Numa discussão, a vilã Lucinda (Andréa Horta) sugere que a tia, Emília (Françoise Forton), mantém um caso sigiloso com uma mulher mais jovem, Carolina (Mayana Moura).
E vai além: avisa que se as duas continuarem a ser vistas juntas, ficarão “mal faladas” em razão da “amizade particular”.
Ainda não há certeza a respeito do desenrolar da ligação entre Emília e Carolina. Mas os autores deixaram a possibilidade no ar.
Já em ‘Pega Pega’ não existem dúvidas: Douglas (Guilherme Weber) nunca escondeu sua homossexualidade das pessoas mais próximas – nem do filho pré-adolescente que descobriu ter.
O final do gerente do Carioca Palace será romântico: vai assumir namoro com o delegado Siqueira (Marcelo Scorel), responsável pela investigação do roubo no cinco estrelas.
Em nome do amor, ele deixará o cargo na polícia para se tornar administrador na boate Strass, onde Douglas já fez shows como drag queen – e circulam vários transformistas com pequenas participações na trama.
No folhetim das 21h, ‘O Outro Lado Paraíso’, são quatro gays. Ou três e meio, já que o motorista Cido (Rafael Zulu) é do tipo que jura ser hétero apesar ter um caso com outro homem há muitos anos.
A relação dele com o psiquiatra Samuel (Eriberto Leão) sempre foi baseada no retorno financeiro. Por realizar os fetiches do médico, o rapaz ganhou de relógio luxuoso até dinheiro para dar entrada numa casa, onde pretende morar com a noiva.
Ambos representam questões delicadas no universo gay, como a homofobia internalizada, a dificuldade de expor socialmente a condição sexual e a exploração financeira a partir do sexo.
Em breve, Samuel e Cido vão formar um triângulo com a enfermeira Suzy (Ellen Rocche), esposa do psiquiatra que irá se descobrir grávida.
O novelão tem outros dois homossexuais: os ‘pintosos’ cabeleireiros Nicácio (Fábio Lago) e Marcel (Andy Gerker).
A dupla faz parte do núcleo cômico. Vivem trocando farpas por disputarem a atenção do assistente musculoso do salão, o aparentemente hétero Odair (Felipe Titto).
Personagens semelhantes a Nicácio e Maciel já foram duramente criticados na imprensa por reforçarem um estereótipo: o do gay afetado e fútil, que pensa apenas em seduzir homens.
O autor Walcyr Carrasco rompe com o politicamente correto e, assim como fez com o vilão escandaloso Félix (Mateus Solano) de ‘Amor à Vida’, solta todas as plumas e paetês ao retratar gays histriônicos.
As duas próximas novelas das 21h da Globo, ‘Segundo Sol’, de João Emanuel Carneiro, e ‘O Sétimo Guardião’, de Aguinaldo Silva, também terão personagens homossexuais.