Quem é a jornalista da CNN Brasil desrespeitada por ministro de Lula
Atitude de Paulo Pimenta remete ao tratamento insolente de Bolsonaro com a imprensa não aliada
“A senhora é jornalista?”, perguntou o ministro Paulo Pimenta, da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), a Raquel Landim.
“Sim, formada pela Universidade de São Paulo”, respondeu a apresentadora e comentarista da CNN Brasil. Ela segurou um riso irônico ao perceber a intenção maliciosa do entrevistado.
Como parte da imprensa destacou, o ministro de Lula quis desqualificar a jornalista em razão de sua crítica à declaração desastrosa do presidente sobre a operação contra plano de organização criminosa mirando autoridades, incluindo o senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
A atitude de Pimenta pegou quase tão mal quanto a dúvida lançada por Lula ao trabalho da Polícia Federal, de juízes, promotores e do próprio Ministério da Justiça.
Como ministro responsável pela Comunicação do governo, ele – também jornalista graduado, o que deixa o constrangimento ainda pior – deveria conhecer Raquel Landim.
Trata-se de uma competente analista de política e economia, com cursos de especialização, inclusive na London School of Journalism.
Antes de ir para a TV, trabalhou na ‘Folha’, no ‘Estadão’, no ‘Valor’ e na extinta ‘Gazeta Mercantil’. Currículo e experiência não faltam à jornalista.
Na CNN Brasil, ela se destaca pela visão crítica – desagradável a petistas e esquerdistas em geral – do atual governo, assim como fez ao cobrir a Presidência de Jair Bolsonaro.
Landim não tem medo de questionar. Aliás, costuma discordar de colegas do próprio canal e convidados em debates interessantes, especialmente nos programas ‘WW’ e ‘CNN Arena’.
Diferentemente do que Paulo Pimenta parece ter insinuado, Landim não é uma palpiteira. Tampouco uma jornalista antilulopetista. Ela sabe o que diz, e usa argumentos sólidos.
“Meu papel é fazer as perguntas; o da autoridade pública deveria ser trazer os esclarecimentos”, escreveu a comentarista em suas redes sociais.
Tomara que Lula e sua tropa não repitam o erro de Bolsonaro: ridicularizar ou demonizar quem ousar contestá-los.
De direita ou esquerda, os governos sempre flertam com o clichê escapista “a culpa é da imprensa”. Essa tática frouxa não cola mais.