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Quem grita “Globo lixo” na enchente despreza contribuição do canal às vítimas

Hostilidade parte de quem deveria agradecer a imprensa por mobilizar o país em prol da população gaúcha

10 mai 2024 - 13h30
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Infelizmente, há quem use um momento dramático para manifestar ódio político. “Globo lixo e fora Lula”, gritou um entrevistado ao vivo na CNN Brasil.  

“Vocês que são da Globo não prestam”, disse outro homem, atrapalhando o trabalho do repórter Arildo Palermo, da RBS, afiliada da rede carioca no Rio Grande do Sul. 

“Cadê a Globo dentro d’água?”, questionou um cidadão a William Bonner. “Por que a Globo só veio agora gravar?” O âncora do ‘Jornal Nacional’ preferiu ignorar a provocação. 

O papel de uma emissora de TV não é fazer buscas por ilhados e sobreviventes. Os jornalistas não são treinados para atuar em operação de salvamento. São mais úteis com o microfone em mãos. 

Cabe a eles apurar e transmitir informações corretas que podem ajudar o plano de ação do governo local, orientar a população em risco e incentivar doações de todas as partes do país. 

Juntas, a Globo e a GloboNews divulgam várias vezes ao dia os meios confiáveis para o público ajudar os gaúchos. A mensagem atinge pelo menos 50 milhões de brasileiros. 

Imagine a quantidade de pessoas que, a partir do que assistiram nas duas emissoras, já fizeram Pix para o ‘SOS Rio Grande do Sul’ e enviaram itens essenciais a quem perdeu tudo. 

Se, de repente, todos os canais de TV parassem a cobertura do desastre climático para falar de outros assuntos, a onda de solidariedade seria demasiadamente reduzida. O auxílio ao povo afetado demoraria ainda mais. 

Entretanto, um pequeno número prefere intimidar jornalistas a reconhecer a importância da mídia em uma catástrofe. Compreende-se a revolta de quem perdeu parentes e amigos, viu a casa inundada, procura desaparecidos e não sabe como vai retomar a vida. 

Mas a fúria está sendo direcionada ao alvo errado. Nenhum canal é culpado pela falta de prevenção que resultou na tragédia e de um protocolo efetivo de reação ao desastre climático. 

Os revoltados contra a Globo deveriam politizar a questão de maneira correta: cobrar as autoridades eleitas que precisam responder pelo que não foi feito para evitar essa calamidade anunciada. 

Entre os apresentadores e repórteres globais no RS há gaúchos com familiares atingidos pelos alagamentos. Mesmo abalados, eles cumprem sua missão profissional. Merecem ainda mais o nosso respeito.

Âncora e editor-chefe do 'JN', William Bonner é o alvo preferido dos revoltados contra a Globo
Âncora e editor-chefe do 'JN', William Bonner é o alvo preferido dos revoltados contra a Globo
Foto: Reprodução/TV
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