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Reality Shows

'BBB dos endividados': Como elenco Pipoca do 'BBB 24' representa Brasil que almeja mudar de vida

Entre atriz formada em teatro que vende roupas no Brás a ex-vendedor de empadinhas que quer mudar situação financeira, Boninho acerta ao escolher elenco que gera identificação com o público e promete lutar para chegar à final

8 jan 2024 - 16h19
(atualizado às 22h51)
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Durante o CCXP, Boninho fez uma promessa para o BBB 24: o critério de escolha para o elenco do time Pipoca seria priorizar quem estivesse endividado. Quanto mais na pindaíba, melhor. "Uma das perguntas foi: 'Você está devendo no SPC? Está com nome sujo? (risos). Esse ano o público pediu e vamos trazer um 'BBB' mais popular", disse.

A escolha pode ter suas razões: o foco dos participantes seria, de fato, o prêmio de 3 milhões de reais e não ficar apenas algumas semanas para fechar publis no Instagram. Chegar à final voltaria a ser o grande objetivo e, para isso, é preciso saber jogar. Esse elemento — a falta de um jogo de cintura, de uma estratégia que fizesse o publico vibrar — foi um dos fatores que desgastou o formato em suas últimas edições, após o sucesso de 2020 e 2021.

Alane também quer se dedicar à carreira artística — ela já atua como bailarina e modelo — e, inclusive, atende à risca ao perfil do "endividamento": ela confessou que deve o cartão de crédito há seis meses, desde quando se mudou para São Paulo: "Quando me ligaram do programa, achava que era cobrança".

Outro exemplo é Lucas Luigi, que considera-se "cria da Baixada Fluminense" e tem a dança como paixão. Tem um filho e trabalha na empresa de instalação de pisos do pai durante o dia e, à noite, vendendo roupas. Ao Gshow, disse que o salário mal sobra no fim do mês.

Já Leidy Elin é carioca, foi criada sozinha pela mãe e, aos 14, já trabalhava como manicure. Atualmente, trabalha como operadora de caixa e trancista para pagar a faculdade de Direito. "Semana passada, eu chorei de cansaço, juro. Mas, se eu não correr atrás do meu, estou ferrada", afirmou.

Maycon, autointitulado "tio da merenda", mora na badalada Balneário Camboriú e trabalha como cozinheiro escolar. Outro exemplo é Marcus Vinicius, o comissário de bordo que já vendeu empada na rua, mas tem gana em mudar de vida. Diz que não quer mais "trabalhar para pagar contas, mas trabalhar para viver".

No Puxadinho, o padrão se repete: Davi conta que teve dificuldades financeiras na juventude e trabalhou vendendo água em ônibus ainda criança; Juninho já trabalhou como vendedor de picolés e lingerie; Michel quer ganhar dinheiro para garantir uma aposentadoria digna para o pai, motorista de caminhão. Já o baiano Caio, foi certeiro: "Sempre quis entrar pelo prêmio. Quero ganhar, não quero entrar no programa para ser mais um blogueiro".

Identificação

Qualquer semelhança com os personagens de Gilberto Braga que sonham em ascender socialmente, ou com os de João Emanuel Carneiro que cativam o público pelo carisma e orgulho de suas origens não é mera coincidência - mas uma fórmula que cativa o espectador.

Ao brincar que o elenco do BBB seria escolhido pelo nível de pindaíba, Boninho acena para 8 em cada 10 famílias brasileiras que estão endividadas. Afinal, entrar na lista do BBB é muito mais atrativo que na temida lista do SPC. Torcemos e vibramos por pessoas que realmente parecem precisar do prêmio e que, para isso, terão gana pelo jogo. Torcer por eles é como torcer por nós mesmos - e esse é o grande objetivo atual dos realities de confinamento: que o público se identifique com o que está vendo.

Vibrar a cada vitória do participante favorito funciona como uma projeção de que a própria vida pode mudar. Como quando Julie Dutra venceu o prêmio de 1 milhão de reais, do quadro Quem Quer ser um Milionário, do Domingão com Huck. Repentinamente, o espectador torcia por ela como se torcesse para si mesmo, e sua vitória no jogo inspirou outras pessoas a lutarem por seus objetivos, a voltarem a estudar e fazer planos para o futuro. A TV é poderosa quando trabalha essa representatividade que inspira quem a assiste - e Boninho sabe disso.

Estadão
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