Lollipops são as vilãs que amamos odiar em falta nas novelas
Jade e suas aliadas atiçam o sadismo e o ímpeto revanchista do público encantado pelo jogo de Arthur
Saudade de Odete Roitman, Perpétua, Branca Letícia, Laura ‘Cachorra’, Nazaré Tedesco, Bia Falcão e Carminha, né, minha filha? As novelas atuais carecem de grandes vilãs.
Na falta de antagonistas odiosas e adoráveis, resta ao público se contentar com as aprendizes malvadas do ‘BBB22’: Jade, Laís e Eslovênia.
As três estão ligadas pela obsessão por Arthur. Ao tentar combatê-lo conseguem apenas se enfraquecer no jogo e deixar o brother com torcida ainda mais numerosa aqui fora.
O passatempo preferido do público do reality show é assistir ao fracasso das tramoias do trio na ilusão de eliminar o ator. Autoenganadas e impulsivas, as lollipops não cansam de passar vergonha.
“Será que o Brasil odeia a gente?”, questionou Eslovênia. Todos daquele quarto cavaram a impopularidade. Tornaram-se coadjuvantes sem chance de vencer o programa.
O problema está na falta de carisma – o de Jade desapareceu quando o poder subiu à cabeça nas duas lideranças consecutivas – e na incapacidade de criar uma trama própria. Insistem em orbitar em Arthur, fazendo dele o protagonista.
Formar casal poderia ser um trunfo para se segurar no programa e recuperar a imagem. Mas como se empolgar com Jade e PA, Laís e Gustavo, Eslovênia e Lucas? Se existe química, não transpõe a tela da TV. Romances de araque.
Nos últimos 6 anos, as mulheres dominaram o ‘BBB’. A doce Munik, a autoconfiante Emilly, a engajada Gleice, a polêmica Paula, a desacreditada Thelma e o fenômeno Juliette. Com trajetórias distintas, são a prova de que não há fórmula certa para vencer.
A diferença entre elas e o trio principal do Lollipop está no vínculo emocional com o público. As campeãs do ‘BBB16’ ao ‘BBB21’ eram igualmente imperfeitas, porém, transparentes e humanizadas. Estavam mais acessíveis ao telespectador.
Desta vez, sabemos pouco. Jade, Laís e Eslovênia comentam excessivamente sobre os outros participantes e esquecem de falar de si mesmas, abrir o coração, gerar empatia e identificação com suas histórias de vida. Não são personagens cativantes.
Toda grande vilã de novela carrega dramas, traumas, segredos e o necessário alívio cômico. Há complexidade que o público adora descobrir. No caso das lollipops, está em evidência apenas a fixação pelo inimigo Arthur. Assim fica difícil torcer por elas.