Racismo, intolerância religiosa e violência psicológica: que ex-BBBs seriam cancelados hoje em dia?
O Big Brother Brasil estreou em 2001 e, de lá pra cá, acumula diversos barracos e situações polêmicas entre os participantes
Mais uma edição do Big Brother Brasil está prestes a estrear na próxima segunda-feira, 13, e, com isso, uma série de acontecimentos envolvendo as temporadas passadas costumam vir à tona. Em 2025, o reality show celebra 25 anos no ar na televisão brasileira e, para comemorar as "bodas de prata", a Rede Globo lançou a produção BBB: O Documentário - Mais que uma espiada, que relembrou alguns fatos polêmicos das edições passadas.
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E se engana quem acha que as edições mais antigas do BBB são as que trazem mais aspectos "canceláveis" entre os participantes. O BBB19, por exemplo, foi palco de um "show de horrores" entre brothers e sisters da edição.
Veja abaixo quais participantes ou situações seriam "cancelados" pelo público do BBB nos dias de hoje.
Ariadna Arantes
Ariadna Arantes foi a primeira mulher trans a entrar no Big Brother Brasil. A ex-sister participou da 11ª edição do programa, mas foi eliminada no primeiro Paredão. Em revelação feita no documentário do BBB, a influenciadora revelou que foi questionada pela produção se falaria sobre ser transexual com os outros participantes.
"Entrar como uma mulher trans era algo muito novo. Ficou muita coisa no ar quando eu entrei", disse. O apresentador Pedro Bial admitiu, em fala feita no documentário, que a estratégia utilizada pela produção foi "inadmissível".
"Deram um tratamento tão primário da questão trans que a trans foi escalada para o elenco para que o programa sustentasse o suspense. Olha só, como o mundo mudou. Isso seria inadmissível hoje", desabafou Bial.
Ariadna completou: "Acho que fui a primeira a sair do programa por preconceito do Brasil, todo mundo queria ver, mas eles não estavam dispostos a ter todo dia uma mulher trans dentro de casa".
Solange Vega
Quem vê aonde chegou Solange Vega, a Sol, nos dias de hoje, pode até não se lembrar de tudo que a carioca viveu no Big Brother Brasil 4. A ex-sister chegou à casa com muita alegria e muitos sonhos, além de um passado humilde na bagagem.
Durante seu confinamento, Sol chegou a ouvir comentários como "toma banho direito" e "não toma banho 'xexelento', não" de outro participante. A participante também ficou marcada por cantar a música We Are The World, de Michael Jackson, de forma errada.
Mas o ponto alto de sua participação foi uma briga protagonizada com Marcela Queiroz, em uma festa do reality show. Ao falar sobre quem não merecia ganhar o prêmio, Marcela citou Sol, que ficou irritada com a ousadia da ex-sister.
"Morre de inveja [de mim]. Não consegue se suportar", iniciou Marcela. "Tenho até dó [de você]. Olha pra minha bunda, pelo amor. Sem comentários", disse Sol. "Sua bunda é cheia de estrias, rasgada. Cabelo 'pichaco' desse, precisa de 'alisa bel' pra ficar mais ou menos", rebateu Marcela.
Solange respondeu: "Você [que] precisa de coisa. Vamos ofender, Marcela? Tudo isso eu posso consertar". Marcela retrucou: "Mas nada chega perto da arrogância, da ignorância. Porque é burra que nem o cão, isso aí é burra, não sabe falar".
BBB19: racismo, intolerância religiosa, homofobia e zoofilia
A 19ª edição do Big Brother Brasil acumulou comentários racistas, de intolerância religiosa, homofóbicos e teve até um caso de zoofilia. A começar pela vencedora da temporada, Paula von Sperling. Durante sua estadia na casa mais vigiada do Brasil, ela protagonizou falas problemáticas entre os participantes.
Em uma conversa com as ex-sisters Gabriela Hebling e Hana Khalil, Paula afirmou ter "cabelo ruim". "Eu lembro que só emprestei [o creme de pentear] para Elana porque ela também tem cablo cacheado", disse Gabriela. Paula comentou: "Eu também tenho cabelo ruim". Gabriela corrigiu a campeã: "Não fala isso. Ruim é preconceito, cabelo não".
Em outro momento, ela afirmou sentir medo do ex-brother Rodrigo França, em uma fala sobre intolerância religiosa. "Tenho muito medo do Rodrigo, de algum dia pegar o líder e mandar ele. Ele mexe muito com esses trecos, tenho medo disso, esse negócio de Oxum deles. Nosso Deus é mais forte", declarou.
Na mesma edição, o ex-BBB Maycon Santos contou aos participantes que perdeu a virgindade com uma cabra e que amarrava bombinhas em rabos de gato quando era criança. "Vocês não tiveram infância", disse. Ele chegou a ser denunciado ao Ministério Público do Rio de Janeiro por maus-tratos a animais, mas negou as acusações e disse que foi apenas uma "brincadeira".
O ex-brother também teceu comentários sobre a religião de matriz africana de Gabriela e Rodrigo. "Cumprimente [eles], conversei, de repente eu senti um arrepio. Começou a tocar umas músicas esquisitas. (...) Ai veio Jesus Cristo na minha mente: 'Se fizer igual a eles, eles ganharão mais força'. Eu não sou doida", contou Maycon ao ex-brother Diego Wantoski.
Diego, por sua vez, chegou a fazer comentários homofóbicos sobre o ex-brother Rodrigo. "Ele não se auto declara [gay], né? Eu não nem um pouco preconceituoso quanto a isso, o que eu não gosto é aquele cara gay chato, escandaloso. Se o cara é na dele, total, pouco importa, mas as pessoas que querem aparecer na frente dos outros, aí eu não tenho paciência", declarou.
BBB12: suposto caso de estupro
Um caso grave acabou resultando na saída de Daniel Echaniz no BBB12. Na edição, o ex-brother estava ficando com Monique Amin, que havia bebido um pouco a mais durante uma das festas do programa. Nesta festa em específico, os espectadores puderam ver o ex-brother se aproximar da ex-sister sob o edredom, enquanto ele fazia movimentos similares a um ato sexual. Monique estava desacordada.
Ambos foram ouvidos pela polícia, mas negaram que houve estupro. No entanto, em 2017, Monique participou de outro reality show e revelou que realmente estava dormindo e não viu o que aconteceu. "Não posso dizer, não fiz exame, mas pegaram os lençóis quando ele foi expulso. Fiquei mal com a repercussão do caso. Me prejudiquei e fiquei com a imagem zoada", desabafou.
BBB17: violência física e psicológia
O relacionamento entre Emily Araújo e Marcos Harter no BBB17 ganharia mais atenção se ocorresse nos dias de hoje. Na época em que entrou na casa, Emily, que só tinha 21 anos, havia acabado de perder a mãe, enquanto Marcos tinha 38 anos.
No documentário que revisita a história do programa, Emily revelou que, na época, sentia que ele era a única pessoa que se importava com ela. "Ele me ofendia muito, me diminuía muito. Ele fazia eu tentar duvidar da minha autoestima. O que eu sentia é que, de alguma forma, eu tava merecendo aquilo. Ele me beliscava porque eu falava alguma coisa que ele não gostou", contou.
Durante o programa, Marcos levantou a voz para Emily em diversas ocasiões, mas só foi expulso após colocá-la contra a parede. Ele apertou os braços da ex-sister e gritou com ela, enquanto apontava o dedo em sua cara. Emily reclamou de dor no punho, e o caso ganhou grande repercussão nacional. No dia seguinte, a Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para averiguar lesão corporal.
Apesar de ele ter sido indiciado, Emily decidiu não seguir com o processo por medo de vê-lo novamente. Marcos chegou a participar de outro reality show na Record, mesmo após ter sido enquadrado na Lei Maria da Penha pelos episódios de agressão psicológica e física contra Emily.