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“Reinado do homem branco de meia-idade acabou”, avisa Claire

Robin Wright ganha o merecido protagonismo na sexta e última temporada de ‘House of Cards’

27 set 2018 - 15h14
(atualizado em 28/9/2018 às 18h16)
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No novo teaser divulgado pela Netflix, a presidente dos Estados Unidos Claire Underwood, viúva do dominador ex-presidente Francis, diz uma frase que serve não apenas à ficção: representa o que aconteceu no próprio elenco principal da excelente série House of Cards: “O reinado do homem branco de meia-idade acabou”.

A mulher mais poderosa do mundo terá que sobreviver na selva política sem o apoio do marido e comparsa
A mulher mais poderosa do mundo terá que sobreviver na selva política sem o apoio do marido e comparsa
Foto: Netflix / Divulgação

Demitido após várias acusações de assédio sexual, Kevin Spacey – homem, branco, de meia-idade – abriu espaço para que Robin Wright assumisse o protagonismo da produção, assim como Claire passou a ser a líder do mais poderoso País do planeta depois da renúncia e morte de seu marido e cúmplice no sangrento projeto de poder de ambos.

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A atriz, de 52 anos, saiu da sombra do colega de cena. Antes mesmo da expulsão de Spacey, ela já brilhava por conta própria. Reclamou e conseguiu ganhar o mesmo cachê que ele, e cresceu profissionalmente ao dirigir alguns episódios da série. No script, Claire também vive esse empoderamento.

O desfecho da trama sobre a podridão nos bastidores de Washington será conhecido em 2 de novembro, quando os oito episódios finais serão disponibilizados na plataforma de streaming.

Algumas perguntas precisam de respostas: como Francis Underwood morreu? Claire está envolvida na morte? A presidente vai superar o falecido marido na psicopatia? Ela conseguirá se manter no poder? O ‘fantasma’ de Kevin Spacey vai influenciar o (bom ou mau) desempenho da derradeira temporada?

Já vimos boas séries a respeito do que supostamente acontece nos corredores e cômodos secretos da Casa Branca

Dois exemplos: a dramática e ideológica West Wing (1999-2006), com Martin Sheen no papel do presidente Bartlet, e a cômica Veep, lançada em 2012, na qual Julia Louis-Dreyfus interpreta a vice-presidente Selina Meyer.

Mas nenhuma foi tão ousada e profunda como House of Cards. A expressão ‘tudo pelo poder’ deixou de ser retórica: Francis e Claire se tornaram corruptores e assassinos para manter a posição política e a impunidade por seus diversos crimes.

O roteiro não se limitou às questões políticas. O público foi convidado a ser voyeur da vida sexual do casal e cúmplice da mente genial e doentia de Francis, ao ser colocado como interlocutor – as expressões de ironia, desprezo e tédio do então presidente, voltadas à câmera, deram charme especial à narrativa.

Há ainda o contexto da realidade inserido na obra. House of Cards começou em 2013, sob a gestão de Barack Obama, um democrata como os Underwood, e termina durante a presidência do republicano Donald Trump. Assim como a série, os Estados Unidos viraram de cabeça para baixo nesse período.

Ainda que nunca tenha ocupado posição na lista das produções mais vistas da Netflix, House of Cards gerou imenso prestígio à plataforma, e também imensurável publicidade espontânea na mídia. 

A série dos mefistofélicos Francis e Claire nunca foi popular, mas já nasceu ‘cult’, e deixa saudade antes mesmo de acabar.

Veja também:

As repercussões das acusações contra Kevin Spacey:
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