Relatório aponta “declínio” da Globo e a salvação do negócio
Decadência da TV aberta e fuga de assinantes de canais pagos fazem a emissora se reinventar para reagir
Divulgado em janeiro, o relatório da agência de análise de risco Fitch faz um raio X da Globo. Conclui que o maior desafio do canal é reverter o “declínio de seu negócio de transmissão de TV tradicional”.
Destaca “a migração das receitas de publicidade para outras plataformas” e o “impacto negativo da pandemia” nos custos e no faturamento.
O “ponto fraco” da Globo é sua “grande dependência” da venda de espaço nos intervalos comerciais, agora que os maiores anunciantes do País tiram parte do que investiam em TV para aplicar em meios de divulgação on-line.
A análise também considera o impacto negativo na empresa da retração do mercado brasileiro de TV paga – a Globo tem 20 canais por assinatura.
Entre 2014 e 2020, houve perda de quase 5 milhões de assinantes, de acordo com a Fitch. A crise econômica decorrente do coronavírus aumentou a fuga de clientes desse mercado.
A agência indica que a Globo tem sido bem-sucedida ao reagir. Cita o desempenho positivo do Globoplay. A plataforma de streaming registrou crescimento de 27% no número de assinaturas entre setembro de 2020 e o mesmo mês de 2021.
Fontes ouvidas pelo blog acreditam que o Globoplay pode ter atingido mais de R$ 1 bilhão em receitas no ano passado. O dado oficial será divulgado somente em março, no balanço financeiro do Grupo Globo.
A comercialização de conteúdo próprio tem “importante papel estratégico” para a manutenção do negócio da Globo. Por isso, a companhia oferece cada vez mais opções de pacotes para agradar a diferentes perfis de telespectadores pagantes de seus serviços de informação e entretenimento.
A Fitch deu ao grupo da família Marinho a nota ‘AAA’, a maior do ranking. Essa classificação ressalta a confiança na empresa e indica boa perspectiva a médio e longo prazos. “A Globo possui uma das estruturas financeiras mais fortes” da América Latina, diz o relatório.
Segundo a agência americana, o saldo de caixa e as aplicações financeiras da Globo somam R$ 12,1 bilhões. Há previsão de receita líquida de R$ 15,7 bilhões em 2022, 11% maior do que no ano passado.
Como comparação, a segunda emissora brasileira que mais fatura, a Record TV, não chega a R$ 2 bilhões por ano.