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Repórteres da Globo temem violência na cobertura da eleição

Avalia-se que discursos de Lula e Bolsonaro contra a emissora vão gerar tensão nas ruas

1 jan 2018 - 15h56
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Poucas situações são mais degradantes a uma emissora de TV do que ser obrigada a esconder seu microfone para evitar hostilidade.

É o que aconteceu com a Globo, inúmeras vezes, desde os protestos de junho de 2013. Vários repórteres apareceram com equipamento sem a canopla com a logomarca do canal.

A ‘camuflagem’ era para evitar possíveis agressões às equipes. Vários profissionais da empresa foram alvo de ameaças e alguns sofreram ferimentos ao cobrir manifestações nos últimos anos.

Ódio à Globo: Caco Barcellos foi agredido durante manifestação no centro do Rio em novembro de 2016
Ódio à Globo: Caco Barcellos foi agredido durante manifestação no centro do Rio em novembro de 2016
Foto: Divulgação/TV Globo / Sala de TV

Até mesmo Caco Barcellos, do ‘Profissão Repórter’, considerado um jornalista isento, sentiu na pele a fúria anti-Globo e precisou ser escoltado para não apanhar durante a gravação de um protesto no Rio.

O ano novo traz preocupação extra com a segurança das equipes da emissora da família Marinho. A campanha presidencial deve ser a mais tensa – e potencialmente violenta – desde a redemocratização.

Prevê-se que o radicalismo visto nas redes sociais ganhará as ruas. Repórteres já manifestaram preocupação com a integridade física na cobertura de comícios e carreatas, quando ficarão cercados por militantes.

A Globo consegue desagradar tanto os esquerdistas quanto os direitistas. Os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de votos, Lula e Bolsonaro, veem o canal como inimigo. Já fizeram declarações nada amistosas a respeito do jornalismo global.

Essa animosidade alimenta a cólera de milhões de lulistas e bolsonaristas contra o mais poderoso veículo de comunicação do País.

Ao mesmo tempo, todos os presidenciáveis, sem exceção, sabem da importância da Globo, e da TV em geral, para se conseguir a vitória nas urnas.

Com a proibição da doação de empresas às campanhas, decretada pelo STF (Superior Tribunal Federal), os candidatos precisarão mais do que nunca da gigantesca visibilidade proporcionada pela televisão para convencer eleitores.

Não apenas no horário da propaganda eleitoral na TV, que vai de 31 de agosto a 4 de outubro, como também nas matérias diárias nos telejornais sobre os atos e discursos dos candidatos.

A tão odiada Globo possui audiência suficiente para definir o futuro de um presidenciável. O canal afirma atingir diariamente, na TV e na internet, 100 milhões de brasileiros, ou seja, metade da população.

Tê-la como adversário pode fazer bem à imagem do político que diz lutar contra o sistema, mas também gera o risco de perder um aliado decisivo a quem almeja o Palácio do Planalto.

Protestar contra a Globo faz parte da liberdade democrática. O que se espera é bom senso de partidos, candidatos e militantes para que uma questão ideológica não acabe em violência e sangue.

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