Repórteres levaram até tapas ao cobrir a prisão de Lula
Sindicato dos Jornalistas culpa “empresas de comunicação que apoiam o golpe” por revolta de militantes
Duas coincidências marcaram o dia da prisão do ex-presidente Lula. Sete de abril era o aniversário de sua mulher, dona Marisa Letícia.
Ela teria completado 68 anos no sábado. Morreu em fevereiro de 2017 em consequência de um acidente vascular cerebral (AVC).
Na mesma data se comemora o Dia do Jornalista, classe profissional odiada por boa parte de petistas, lulistas e da esquerda em geral.
Foi justamente em seu dia que alguns jornalistas sofreram a pior repressão de sua carreira.
Vários profissionais de imprensa foram ameaçados ou agredidos no decorrer dos dois dias entre a chegada de Lula ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e sua entrada na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.
Às 20h02 de sábado (7), ao vivo na GloboNews, o repórter Victor Ferreira se assustou quando um apoiador do presidente Lula surgiu atrás dele e gritou “Globo golpista”. Apesar do incidente, o jornalista continuou a transmitir informações.
Mais cedo, a equipe do repórter Roberto Kovalick, da Globo, foi expulsa por lulistas da entrada reservada às autoridades no aeroporto de Congonhas. O registro foi mostrado no ‘Jornal Nacional’.
A repórter da Band Joana Treptow e a repórter da rádio BandNews FM Gabriela Mayer levaram tapas na mão e na barriga, respectivamente, enquanto trabalhavam diante do Sindicato dos Metalúrgicos.
No Instagram, Treptow fez um post para reafirmar sua paixão pelo jornalismo e lamentar a agressão.
“Que dia, que cobertura. E diante dos absurdos que aconteceram vale lembrar que: não importa o que aconteça, vandalismo não nos fará parar o nosso trabalho.”
Outros dois jornalistas sofreram intimidação de manifestantes: Caio Rocha, da rádio Jovem Pan, e Pedro Duran, da rádio CBN, pertencente ao Grupo Globo.
Paula Araújo, repórter da GloboNews, teve uma entrada ao vivo suspensa quando correligionários de Lula começaram a gritar “Fora Rede Globo”.
Houve ainda quem levou ‘ovada’, pedrada e empurrões, além de xingamentos variados de militantes que aproveitaram a ocasião para verbalizar o ódio contra a imprensa.
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo postou um texto em seu site para rechaçar o uso de violência contra os profissionais da imprensa: “Condenamos que algumas pessoas que querem protestar contra os meios de comunicação o façam agredindo os profissionais”.
Na mesma postagem, a entidade culpa a cúpula da própria mídia pelo comportamento agressivo dos manifestantes.
“Essa situação lamentável é resultado também da política das grandes empresas de comunicação, que apoiam o golpe, e que adotam uma linha editorial de hostilidade contra as organizações populares.”