Roberto Carlos e Fábio Jr. contracenaram em novela que Globo preferiu esquecer
‘O Amor é Nosso’ teve troca de autores, diretor rebaixado e quase colocou em cena um ‘ônibus da morte’ para matar personagens
Há 42 anos estreava na faixa das 19h da Globo ‘O Amor é Nosso’, escrita pelo psiquiatra Roberto Freire e o dramaturgo Wilson Aguiar Filho.
A trama tinha tudo para fazer sucesso: Fábio Jr. interpretava o protagonista Pedro, músico em busca do sucesso e em conflito com o irmão por uma mulher.
Os autores focaram nos dilemas dos jovens naquele período em que ganhavam relevância na sociedade após participação ativa na luta contra a ditadura.
Mas o excesso de personagens e tramas e a experiência limitada da dupla de escritores deixou a novela confusa e indigesta ao público.
Com audiência em queda, a Globo escalou o veterano Walther Negrão. Ele assumiu a confecção dos capítulos na metade do folhetim.
Cogitou-se criar o ‘ônibus da morte’. Os personagens que não rendiam seriam mortos em um desastre no trânsito.
Negrão desistiu da ideia radical e preferiu criar uma passagem de tempo para tirar alguns tipos de cena e mudar a história de outros.
Em ‘O Amor é Nosso’, o saudoso Jorge Fernando foi rebaixado de diretor para assistente de direção após deixar passar um erro em uma cena.
A Censura – extinta apenas em 1988, com a nova Constituição – também atrapalhou a novela ao exigir a mudança de alguns textos e a regravação de sequências.
Uma das poucas lembranças positivas de ‘O Amor é Nosso’ foi a interação entre Fábio Jr. e Roberto Carlos. Na época, eles tinham 27 e 40 anos, respectivamente.
O ‘rei’ do romantismo fez uma participação especial analisando o potencial artístico do cantor novato em busca do estrelato. Na ocasião, estava casado com Myriam Rios, a protagonista feminina.
A novela terminou com média de 39 pontos no Ibope, 7 a menos que a antecessora, ‘Plumas e Paetês’. Nunca foi reprisada no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ nem exibida em países compradores das produções da Globo.