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Segunda temporada de 'Irmandade' mostra 'desdobramentos do crescimento das facções criminosas'

Em entrevista ao 'Estadão', a atriz Naruna Costa e o showrunner Pedro Morelli comentam mudanças na trama e nos personagens nos novos episódios

12 mai 2022 - 16h36
(atualizado às 18h20)
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Estreou nesta quarta-feira, 11, a segunda temporada de Irmandade na Netflix. A série brasileira conta a história de Cristina ( Naruna Costa), uma advogada dedicada e honesta que descobre que o irmão Edson ( Seu Jorge), desaparecido há anos, está, na verdade, preso por ser líder de uma facção criminosa.

Ela, então, é obrigada pela polícia a trabalhar como informante. Porém, à medida que se infiltra na facção, a moça começa a questionar seus valores sobre a lei e a justiça. Nos novos episódios, a personagem de Naruna experimentará o poder pela primeira vez e fará o que for preciso para levar a facção ao próximo nível.

Em contrapartida, Edson corre risco de morte na prisão e enfrenta extorsão pelo chefe corrupto da segurança. Cristina precisará bolar um plano muito mais complexo enquanto tenta reconquistar a confiança de Darlene (Hermila Guedes) e enganar seu outro irmão, Marcel (Wesley Guimarães).

Em entrevista ao Estadão, o showrunner do seriado, Pedro Morelli, explica que uma vez que o público já conhece o universo da trama, "não precisamos investir tempo com introduções. O trem já está em movimento e a temporada já começa em alta velocidade".

No entanto, o que se mantém é a lógica proposta nos primeiros episódios: trazer entretenimento e debates de questões sociais urgentes.

Entretenimento e debates sociais

"É uma série com ritmo, ação e constantes viradas emocionais que proporcionam adrenalina e entretenimento. No entanto, sempre nos esforçamos para que não seja um divertimento vazio", explica Pedro.

Morelli comenta que devido ao fato de o roteiro ter sempre valores morais em jogo, o público acaba mais envolvido com a narrativa. "É esse olhar menos viciado, desarmado de preconceitos, que acaba proporcionando reflexão", reitera.

Sobre o debate social proposto na história, o showrunner aponta, justamente, o retrato da situação prisional brasileira apresentado na série. "As condições degradantes de muitas prisões brasileiras são o principal motivo do surgimento das facções", diz.

"Enquanto a primeira temporada trata desse surgimento, a segunda mostra os desdobramentos do crescimento das facções, sua relação promíscua com as autoridades e o começo da atuação das facções no tráfico de drogas fora das prisões nos anos 1990", comenta.

Outra mudança da segunda temporada apontada por Pedro é a profundidade com que os personagens puderam ser retratados: "Cristina consegue se distanciar da culpa que sentia e mostra um lado mais confiante e de gosto pelo poder. Enquanto Edson vive uma crise interna ligada ao tipo de líder que quer ser".

"Eu me reconheço na Cristina"

Naruna Costa dá mais detalhes de sua personagem na segunda temporada de Irmandade: "A diferença primordial das duas temporadas é o medo. A Cristina agora conhece o terreno que está pisando. Chega mais segura e faz questão de se impor. Ela cresce quando entende que pode ser útil de verdade para a Irmandade, e passa a defendê-la com muita paixão", é assim que Naruna descreve sua personagem na nova trama.

A artista explica que a preparação dessa Cristima mais madura foi intensa, uma vez que precisou ser feita à distância, por conta da covid-19. Além desse "mergulho solitário'', o principal desafio para a atriz foi justamente imprimir essa nova força que sua personagem desenvolveu.

"Conseguir diluir a força que ela ganha a cada cena, de forma que ficasse crível, na comparação com a primeira fase foi o mais difícil. Não há passagem de tempo entre as duas temporadas. Mas, tem uma mudança comportamental muito grande, onde foi preciso muita atenção na interpretação para que a dosagem não passasse do ponto", explicou.

Naruna conclui que foi justamente a partir dessa imersão que ela aprendeu mais sobre humanidade e sobre estar disposta a lutar pelo que acredita. "Eu me reconheço na Cristina", afirma.

"Para além de uma mulher preta tentando sobreviver ao racismo brasileiro cotidianamente, direcionado de forma tão violenta contra nós, me vejo nela pela paixão. Ela não desiste. Não se conforma. Sabe que é capaz de mudar o rumo das coisas e tenta até o fim. Eu sou assim também. Isso nos mantém, literalmente, vivas", reforça.

Estadão
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