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Sem estereótipos, mulheres se destacam na cobertura esportiva

2 mar 2013 - 16h48
(atualizado às 17h13)
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Glenda Kozlowski apresenta o 'Esporte Espetacular'
Foto: TV Globo / Divulgação

A presença de mulheres no jornalismo esportivo hoje é tão comum que a ausência delas é que pode chamar atenção. Um território antes considerado estranho, atualmente é povoado por um grande número de profissionais do sexo feminino, que estão em todas as emissoras que cobrem o esporte. Globo e Band, que contam com grandes equipes de cobertura esportiva, se destacam por um alto número de jornalistas mulheres. 

Lar do extinto Belas na Rede – uma mesa redonda composta somente por mulheres –, a RedeTV! diminuiu sua participação no esporte, mas ainda tem a presença feminina em sua enxuta equipe. A Record tem duas no comando de seu principal programa esportivo, o Esporte Fantástico: Cláudia Reis e Mylena Ciribelli. O espaço já está consolidado, mas foi construído aos poucos. O cenário no início da carreira de Ciribelli era bem diferente. Hoje, com mais de 20 anos de profissão, ela alcançou um posto prestigiado sem entrar em conflito com os que antes eram "donos do pedaço".

"Não me preocupa que os homens sejam os feras. Nunca disputei essa sapiência. Deixa os homens com a ideia de que entendem tudo de futebol. Eu não tenho essa pretensão. Gosto de futebol, mas também gosto de vôlei, basquete...", conta. A niteroiense Mylena começou no rádio, em meados da década de 80, e participou de programas de rock, também reduto quase que exclusivamente masculino na época.

"Convivia com o espanto dos ouvintes. Eles me perguntavam: 'ah, você entende de rock?'”, relembra para contar que notou a mesma reação quando apareceu na cobertura do futebol. Preconceito ela diz nunca ter sentido. Muitas das jornalistas que atuam no âmbito esportivo afirmam que realmente não observaram nenhum tipo de atitude preconceituosa, mas não são taxativas a ponto de dizer que não acontece.

"Nunca enfrentei preconceito na emissora. Escuto histórias de colegas minhas que já enfrentaram problemas, mas comigo nunca aconteceu", afirma a apresentadora do Esporte Espetacular, da Globo, Glenda Kozlowski. A luta dessas jornalistas hoje nem é contra o preconceito dos homens, que poderia indicar que elas não entendem de esporte. A maior preocupação é com as próprias mulheres e a postura profissional que adotam.  

"A mulher tem de entender que não deve usar certas armas. Diferentemente de outros tempos, hoje a mulher pode fazer o que quiser. Mas, infelizmente, tem algumas que preferem o caminho mais fácil, utilizando o próprio corpo. Isso é revoltante", entende Juliana Franceschi, que hoje participa das transmissões dos jogos da RedeTV!. Eventualmente, até ações de marketing reforçam o estereótipo que elas querem deixar para trás.

"Há um tempo, uma marca de cerveja colocou uma repórter estilo gostosona nas transmissões, com roupas curtas, apertadinhas. Isso acaba queimando o nosso filme e atrapalha um pouco a todas nós", explica a repórter Aline Bordalo, da Band, que cobre os clubes de futebol do Rio e está acostumada a fazer companhia para Renata Fan através do "link" carioca do Jogo Aberto. Fugir desse estereótipo também é um desafio.

"Muitos pensam: 'ah, lourinha do olho azul, vai lá e só apresenta o programa'. Mas eles não sabem que eu carreguei muita fita, ralei e estudei muito", conta Gabriela Pasqualin, apresentadora do diário RedeTV! Esporte que, com 10 anos de profissão, enumera sua passagem por estágio, produção, edição e reportagem antes de se tornar apresentadora. Grande parte das mulheres que faz a cobertura esportiva nem sempre trabalhou na área.

A carioca Cláudia Reis foi repórter de "hard news" da Record no Rio antes de se mudar para São Paulo e integrar a equipe de esportes. "O dia a dia é muito frio. Esporte não. Você se emociona, arrepia. Sem contar as matérias de superação em que você volta para casa e percebe: 'se não fosse o esporte esse cara estaria mal'", conta. A paixão pelo meio esportivo é o que elas apontam como o principal motivo para o ingressar na área.

Sem isso, Cláudia acredita que a profissão ficaria insustentável. "Tem de gostar muito. Tem de acompanhar os jogos, ler de tudo e esquecer a ideia de aproveitar fim de semana", lamenta. 

Opinião na rede

Se o posto de comentarista vem gradativamente sendo mais ocupado por ex-atletas, na internet as jornalistas encontram espaço para opinar. Cada vez é mais comum que elas possuam blogs ou interajam com pitacos em suas redes sociais. "No programa, após as matérias fazemos alguns comentários, mas é uma coisa rápida. Quando quero me aprofundar mais, uso meu blog", explica Mylena Ciribelli.

A comunicação via rede também serve para mostrar que elas não são apenas rostinhos bonitos. "Lá, eu mostro que entendo e hoje em dia tenho respeito", afirma Aline Bordalo, que é colunista na internet desde 2011. A internet, aliás, pode ser a porta de entrada para meninas que sonham em trabalhar no jornalismo esportivo. Foi assim com Juliana Franceschi. Através da rede social Twitter ela enviou seu portfólio para vários jornalistas.

Recebeu a resposta de Milton Neves de que ela seria uma "Milton Neves de saia". "Aquilo para mim foi um baita elogio", conta. Milton convidou Juliana para ser colunista do site Terceiro Tempo. Depois de quase um ano de trabalho, ela se prepara para se tornar repórter do veículo, além da apresentação de programas esportivos na RedeTV!.

Instantâneas

- Gabriela Pasqualin, que iniciou na carreira há 10 anos, vê a diferença no números de mulheres jornalistas quando vai aos estádios. "Na época era eu e mais umas cinco só. Outro dia, fui no estádio e tinha um monte de meninas", conta. 

- Apesar de ser carioca, Cláudia Reis é torcedora do Palmeiras.

- Aline Bordalo foi a primeira mulher a aparecer na cobertura esportiva do Ceará, em meados da década de 90. 

- Glenda Kozlowski frequenta o Maracanã desde os cinco anos de idade. "Lembro de brigas homéricas entre meu pai e minha mãe porque ele me levava ao Maracanã com essa idade", afirma.

Fonte: TV Press
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