Série da Globo sobre evangélico gay deve enfurecer pastores
Produzida por KondZilla, ‘O Filho do Amor’ vai incomodar os crentes assim como a polêmica minissérie ‘Decadência’, de 1995
Jovem periférico evangélico que se descobre homossexual e vive uma paixão por outro homem será a trama principal de ‘O Filho do Amor’, série original do Globoplay ainda sem data de estreia.
A produção está sob o comando de Konrad Dantas, mais conhecido como KondZilla. Ele é o fundador da produtora de clipes de funk que leva seu apelido. O canal no YouTube possui 65 milhões de seguidores e 36 bilhões de visualizações.
Sua assinatura artística está em ‘Sintonia’, série de sucesso em parceria com a Netflix, a respeito dos dramas e alegrias de jovens de uma comunidade de São Paulo. A terceira temporada deve ser lançada no segundo semestre.
A revelação da temática de ‘O Filho do Amor’ pela colunista Patrícia Kogut, de ‘O Globo’, provocou reações furiosas nas redes sociais. Muita gente acusa a Globo e o Globoplay de exagerar no “lacre” e na provocação à tradicional família brasileira.
Abordar a homossexualidade de um evangélico vai gerar discursos raivosos de líderes cristãos. Dá para prever o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, subir o tom contra o grupo de comunicação da família Marinho, como fez em outras ocasiões.
Católico com bom trânsito entre igrejas evangélicas, o presidente Jair Bolsonaro também não ficará em silêncio, certamente. Em 2014, quando era deputado, ele disse que o primeiro beijo gay exibido pelo canal na novela ‘Amor à Vida’, entre os personagens Félix (Mateus Solano) e Nikko (Thiago Fragoso), era “um marco na depravação da sociedade”.
Não é a primeira produção da Globo com potencial para chocar e enraivecer os evangélicos. Em 1995, a minissérie ‘Decadência’, de Dias Gomes, mostrava um homem pobre, Mariel (Edson Celulari), que se tornava milionário após fundar a própria igreja neopentecostal.
Com pinta de vilão, o personagem se dividia entre a arrecadação de dinheiro dos fiéis, o amor por uma ativista petista e a vingança contra a família rica que o maltratou no passado.
Na época, houve a interpretação de que se tratava de uma provocação ao bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, dono da Record e desafeto declarado da Globo desde sempre. Os dois canais viviam o auge de uma guerra ideológica. O clã Marinho, dono da Globo, tem forte ligação com a cúpula da Igreja Católica no Rio.