Três motivos fazem a Globo dispensar a maioria de suas estrelas
Emissora vive profunda transformação que beneficia novo concorrente do streaming
A não renovação do contrato de Fátima Bernardes, encerrado em dezembro, gerou surpresa no meio televisivo, na imprensa e entre telespectadores. Ao longo de 37 anos, no jornalismo e depois no entretenimento, ela se tornou ‘a cara’ da emissora.
O fim do vínculo fixo é a regra no canal. Poucos artistas conseguiram estender o compromisso nos últimos tempos. A Globo dispensa ou demite, mas deixa as portas abertas para o retorno à chamada ‘obra certa’, ou seja, um trabalho com data para começar e terminar.
Há três motivações para esse desapego da TV líder de audiência com atores, apresentadores e repórteres.
Redução de despesas – A Globo passa por uma reestruturação financeira desde 2019. Diminuir a gigantesca folha de pagamento foi a principal solução para equilibrar as contas. Mesmo assim, registrou prejuízo em anos recentes.
Mudança no status dos contratados – Antes, um ator famoso era considerado imprescindível a uma novela. Um apresentador popular ganhava o rótulo de insubstituível. A ascensão das celebridades da internet enfraqueceu o poder de quem faz televisão. Teoricamente, ninguém mais fará tanta falta no vídeo. Com isso, tornou-se desnecessário e oneroso manter tantos artistas ganhando para ficar em casa entre uma produção e outra.
Retração da concorrência – A Globo gastava bilhões com seu numeroso elenco exclusivo. Tinha receio de que os talentos fossem para a Record e o SBT. A estagnação artística e de audiência dos canais adversários fez a emissora carioca relaxar. A eventual contratação de ex-globais não representa mais uma ameaça. O canal da família Marinho mantém liderança folgada de público, mesmo após abrir mão de centenas de profissionais que atuavam diante das câmeras.
Essa nova política provocou um efeito colateral: a saída de tantos talentos impulsionou o canal Max (antes HBO Max) a encher suas primeiras novelas brasileiras com ex-estrelas globais. ‘Beleza Fatal’ e ‘Dona Beja’ vão concorrer com a dramaturgia do Globoplay e, a depender da avaliação dos assinantes, podem até ofuscar as novelas da própria Globo.
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