‘Um Gênio chamado Jô’ revela o artista na intimidade e grandes momentos na TV
Série da plataforma +SBT reúne depoimentos de amigos e colegas de profissão que observaram o apresentador na frente e atrás das câmeras
“Convivi intimamente com a criança do Jô”, diz a designer Flávia Pedras, ex-mulher e melhor amiga do apresentador e humorista. “Ele foi uma criança solitária.”
O depoimento surpreendente faz parte do 1º episódio (‘A vida é o que a gente veio fazer aqui’) da série em 5 capítulos ‘Um Gênio Chamado Jô’, dirigida por Michael Utskin.
A produção estreia na plataforma digital +SBT na segunda-feira (17). O primeiro episódio será exibido no mesmo dia na TV, após o ‘Programa do Ratinho’.
A convite da emissora, a coluna assistiu à 1ª parte. Há riqueza de depoimentos interessantes de pessoas eleitas para o círculo íntimo do saudoso comunicador.
Além da ex-mulher, a quem ele fez sua principal herdeira, aparecem profissionais notáveis da comunicação, como o diretor de novelas e programas Nilton Travesso e o jornalista Matinas Suzuki Jr., autor dos dois volumes da biografia ‘O Livro do Jô’.
A edição com excelente trabalho gráfico e farto material de arquivo traz o artista em alguns momentos especiais de sua trajetória bem-sucedida no SBT – onde realizou o sonho de ter um talk show, após sair magoado da Globo – e imagens de trabalhos anteriores, inclusive do início na televisão.
Repete-se a respeito da genialidade de Jô como ator, comediante, entrevistador, roteirista e escritor de ficção, mas também há revelações e elogios em relação ao homem atrás do ídolo. Destaque para a forte ligação dele com a mãe, Mercedes, que o apresentou às artes no Brasil e no exterior.
A extroversão foi notada ainda na infância. “Ele fez da piscina do Copacabana Palace o seu primeiro palco”, conta Suzuki. Da sacada de um apartamento anexo ao hotel luxuoso, Jô encenava esquetes de humor para os turistas gringos que se refrescavam na água.
O episódio conta a troca de seu nome artístico logo no começo da carreira (não vamos dar spoiler) e como o humorista conheceu a primeira mulher, a atriz Teresa Austregésilo, já famosa na época, com quem teve o único filho, Rafael. “Ele era mantido pela Teresa, Jô vivia de bicos”, conta o biógrafo. “Ela soube administrar a vida dele”, relata Travesso.
Num trecho do extinto ‘Cara a Cara’, com Marília Gabriela, na Band, o apresentador expõe detalhes do rompimento tenso com a Globo. Em outro momento, o próprio Jô lê uma carta, ao lado de Silvio Santos, com críticas ao canal da família Marinho.
Aliás, o fundador do SBT, que bancou o ousado projeto do talk show em horário fixo, aparece em várias cenas bem-humoradas da série. Os dois formavam boa dupla quando se encontravam no palco.
Mais do que uma merecida homenagem, ‘Um Gênio Chamado Jô’ se apresenta como documento histórico de um dos homens mais importantes da televisão brasileira. Curioso como artista e pessoa. Dono de vida novelesca, cheia de altos e baixos. A série vale muito ser vista.
José Eugênio Soares, o Jô, morreu em 5 de agosto de 2022, aos 84 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, de insuficiência renal e cardíaca. Generoso, incluiu os empregados de seu apartamento no testamento e fez doações a instituições sociais.
Saudade daquele ‘beijo do Jô’ de todas as noites.
