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Vitória da Beija-Flor é um recado à TV: mostre a realidade

Telejornalismo precisa fazer autocrítica a partir do enredo sobre o caos na vida brasileira

14 fev 2018 - 18h11
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Menos Trump, mais Temer. Menos notícias gringas, mais manchetes sobre o Brasil real.

O telejornalismo, às vezes, dedica tempo excessivo a notícias que, na prática, não afetam o cidadão comum.

Exemplo: as repetitivas reportagens a respeito da investigação contra o presidente americano Donald Trump.

O ‘Jornal Nacional’ chega a colocar o assunto como chamada para o próximo bloco mais de uma vez na mesma semana.

Supervalorização de tema pouco relevante ao Brasil profundo. Em casa, diante da TV, milhões de telespectadores devem pensar: o que isso tem a ver com a minha vida?

O cotidiano do País, ou seja, o caos generalizado – na segurança pública, na educação, na saúde, na política – ganha espaço menor do que merece.

A vitória da Beija-Flor no desfile do grupo especial do Carnaval do Rio, com o enredo ‘Monstro É Aquele Que Não Sabe Amar (Os Filhos Abandonados da Pátria Que os Pariu), transmite um recado à imprensa e, especialmente, ao telejornalismo.

Rato gigante "puxou" carro alusivo ao prédio da Petrobras no desfile da Beija-Flor de Nilópolis
Rato gigante "puxou" carro alusivo ao prédio da Petrobras no desfile da Beija-Flor de Nilópolis
Foto: Cristiane Mattos / Futura Press

Precisamos de mais notícias locais e regionais para enxergar nossa realidade na tela da TV.

Não se trata de alienação sobre o resto do planeta. É que, neste momento crítico, o microcosmo ganha maior importância.

O principal papel do telejornalismo é justamente dar cara e voz às dores e angústias do brasileiro anônimo.

A vida real registrada pelas câmeras das emissoras serve de denúncia e, ao mesmo tempo, estimula as necessárias mudanças no País.

A força imensurável da televisão pode colaborar para a transformação social – não apenas ao noticiar, mas principalmente ao suscitar reflexão e a discussão das soluções possíveis.

Jornalistas que definem as pautas dos telejornais precisam repetir uma mesma pergunta várias vezes ao dia: essa notícia interessa realmente à maioria dos brasileiros?

A Beija-Flor soube aproveitar a desordem geral para fazer pertinente crítica social embalada em arte. Não é exagero afirmar que seu desfile foi jornalístico.

Cabe aos telejornais focar na realidade urgente que está diante dos nossos olhos – ainda que isso nos afaste temporariamente de outros mundos.

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