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Voz censurada da direita, Rachel Sheherazade renova com SBT

Âncora polemista continua na emissora apesar da mordaça imposta por Silvio Santos.

16 mar 2018 - 10h38
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“Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”, escreveu Voltaire, filósofo francês ativista dos direitos civis.

A liberdade de expressão é a base do jornalismo. Mas nem sempre os jornalistas estão realmente livres para se manifestar.

Rachel Sheherazade deixou de fazer comentários contundentes após a repercussão ruidosa de alguns deles.

Apresentadora do ‘SBT Brasil’ merece recuperar o direito de desagradar na TV quem pensa diferente dela.
Apresentadora do ‘SBT Brasil’ merece recuperar o direito de desagradar na TV quem pensa diferente dela.
Foto: Gabriel Cardoso/SBT

Quem não se lembra a defesa que a apresentadora fez dos cidadãos que amarraram em um poste um suspeito de roubo?

O próprio Silvio Santos, que financia o telejornalismo de seu canal por mera obrigação e prefere não desagradar governantes, determinou o fim das opiniões no ‘SBT Brasil’.

O jornalismo da emissora, conhecido pelo estilo burocrático, perdeu muito com a censura imposta a Sheherazade. Era a única voz que repercutia.

Boatos surgidos nas últimas semanas geraram dúvida a respeito da renovação do contrato da jornalista, no ar em rede nacional desde 2011 – antes, circularam rumores de possível transferência dela para a Band ou Record.

Na tarde de quinta-feira (15), a assessoria de imprensa do SBT enviou comunicado à imprensa: Rachel Sheherazade continuará na bancada do principal telejornal da casa.

Tudo indica que, apesar da renovação do vínculo, as condições diante das câmeras serão as mesmas: a proibição de realizar o jornalismo opinativo que movimenta as principais redes de TV do planeta.

Evangélica e simpática aos conceitos da direita, Sheherazade representa milhões de brasileiros conservadores.

Seria importante que, em nome da tão defendida liberdade de expressão, ela pudesse voltar aos comentários e suscitar debate a respeito de temas relevantes.

Como defendeu Voltaire, o direito de se exprimir é universal. Os possíveis exageros – insultos, preconceitos, ataques aos direitos individuais – devem ser punidos no âmbito da Justiça, e não com censura prévia.

A maioria dos jornalistas, inclusive em redações de TV, milita pela esquerda. Rachel é uma exceção malvista por boa parte dos colegas de profissão.

Mas essa exceção não pode ser calada à força. O embate de ideias está entre as maiores riquezas da prática jornalística. Quando apenas uma opinião tem peso e espaço, o jornalismo vira mera propagação.

Ainda bem que existem as redes sociais. Nelas, Sheherazade se expõe, recebe apoio e críticas; exerce o direito democrático de opinar, divergir, interagir.

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