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10 tendências para o franchising brasileiro em 2024

Depois de um ano marcado por surpresas, o que o investidor pode esperar do franchising em 2024?

16 jan 2024 - 06h15
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3 Brasseurs: de olho na expansão das franquias em 2024
3 Brasseurs: de olho na expansão das franquias em 2024
Foto: Divulgação

O ano de 2023 trouxe surpresas para o sistema de franchising e expectativas que algumas marcas apontaram para 2023 não se confirmaram – enquanto outras surpreenderam o mercado. 

“Quando falamos sobre tendências e perspectivas, analisamos o comportamento mercadológico; observamos as conversas com clientes e profissionais do mercado, que ocorrem em eventos, reuniões e informalmente; a própria Economia e as intenções de expansão das marcas, para traçar um perfil do movimento que pode se firmar nos meses subsequentes”, pondera Thais Kurita, advogada especializada em franchising e varejo, com mais de 20 anos de atuação, sócia da Novoa Prado & Kurita Advogados.

Ela comenta que, no período em que os negócios se mostraram mais fortes após a pandemia, foi certeira a tendência da grande aposta no delivery e no crescimento do e-commerce, das dark kitchens e dark stores, movimentos que vieram para ficar. 

“Tudo isso faz parte da diversificação dos canais de varejo. É muito difícil uma empresa sobreviver com uma única opção de canal, atualmente – e a tendência é interagir com o cliente em todas as formas de abordagem e comunicação possíveis”, diz ela.

Formas de interação com os clientes

Falando em interação, Melitha Novoa Prado, sócia de Thais que acumula experiência de 35 anos como advogada de importantes franqueadoras brasileiras, lembra que os investimentos em comunicação diferenciada em cada canal é outra tendência que se confirmou no ano de 2023. 

“As marcas apostaram em diversificar a forma como conversam com seus clientes – e quem ainda não entendeu que isso é imprescindível não chegará até eles”, alerta.

A internacionalização, outra tendência apontada para 2023, se mostrou mais tímida: apesar de algumas empresas fazerem investidas com expansão no exterior, a desvalorização do Real diante de moedas mais fortes não motivou uma grande ida de marcas brasileiras para o exterior. 

“Como ainda há bastante oportunidade de expansão no mercado interno, as marcas preferiram continuar crescendo internamente, com menor risco”, avalia Melitha.

Cenários que não se concretizaram

Em relação a cenários que não se concretizaram, o mercado esperava mais fusões e aquisições, que não ocorreram em 2023 com a mesma força que no ano anterior. 

“Não temos ‘notícias de bastidores’ sobre novas possibilidades, por enquanto, mas tudo pode acontecer no mercado”, diz Thais.

Em relação aos abalos citados, as especialistas se referiram ao pedido de recuperação judicial anunciado pela South Rock, operadora de marcas como Subway e Starbucks. “Essa notícia pode fazer com que os fundos de investimento olhem com mais cautela para o franchising, de forma a haver mais exigências para investimentos”, pondera.

E como será o ano de 2024? Melitha Novoa Prado e Thaís Kurita apontaram 10 tendências para o franchising para o ano:

1. Microfranquias continuarão em alta 

As microfranquias continuam como tendência de procura pelo investidor e foco de atenção das marcas. Há pontos importantes, aqui: o franqueador precisa entender que nada muda, em termos legais, de uma franquia para uma micro franquia, ou seja, todas seguem a lei 13.966/19 e, mesmo com baixo investimento, o processo de seleção deve ser rigoroso e o suporte, primoroso.

2. Indústria varejando 

É uma tendência que estará cada vez mais presente. A indústria entendeu que, assim como Casa Bauducco, Omo, Ariel e outras indústrias têm no varejo uma forma de expansão, ampliação de seus canais de distribuição e melhora de relacionamento com clientes, elas podem usar o franchising não apenas como uma forma de escoar produtos, mas para se fazer presente na memória do consumidor.

3. Explosão de negócios com pouco know-how 

Infelizmente, essa tendência pode se concretizar em 2024: uma grande oferta de negócios que oferecem pouco know-how e que não foram suficientemente testados podem atrair franqueados despreparados. É preciso que o investidor fique atento ao processo de seleção e só assine contrato após uma análise criteriosa do negócio.

4. Expansão sem critério 

Da mesma forma, ainda existirá expansão sem critério como tendência para muitas marcas. Por meio de um processo de seleção rápido e praticamente automático, redes inauguram unidades franqueadas sem qualquer controle, oferecendo pouca transferência de know-how, suporte ineficiente e até fornecimento de produtos insuficiente. O resultado é o fechamento de unidades franqueadas em pouco tempo.

5. Aumento da judicialização dos conflitos 

Está crescendo o número de redes no mercado e muitas surgem de forma rápida, sem know-how. Isso gera também o aumento dos conflitos proporcionalmente – e eles são levados ao Judiciário. A consequência é a impressão equivocada de que franquia não é um bom negócio. Mas é preciso, mais uma vez, prestar atenção à marca escolhida, ao bom processo de seleção, ao know-how transferido, à capacidade de suporte do franqueador e aos documentos bem elaborados, que protegem a marca, mas trazem equilíbrio às partes, sem que uma se sobressaia em direitos e deveres à outra.

6. Humanização das relações 

Se, por um lado, há marcas que decidem terceirizar  todos seus problemas ao Judiciário, elevando o número de litígios, há uma corrente no franchising que trabalha para promover relações cada vez mais humanizadas entre os parceiros, por meio da comunicação não-violenta, da empatia cuidadosa e da escuta ativa,  além de treinamentos que permitem  a promoção do diálogo e utilização de métodos adequados e pacíficos de solução de conflitos, como a negociação e a mediação. Essa tendência já está implantada em muitas redes.

7. Maior cautela dos fundos de investimento 

Os fundos de investimento gestores de redes podem ter mais cautela ao se aproximarem das marcas, devido aos acontecimentos que fizeram com que a South Rock pedisse recuperação judicial. Mas não se extingue a hipótese de novos fundos assumirem a gestão de redes.

8. E-commerce e outros canais de varejo 

As marcas que ainda não diversificaram seus canais de varejo certamente estão no caminho para o fazer, inclusive crescendo no e-commerce. Consultorias de delivery estão cada vez mais presentes nas redes, apoiando franqueados em suas atuações, e esse serviço já faz parte do suporte oferecido por muitas marcas para alavancar as vendas no delivery, por exemplo.

9. Inteligência Artificial 

O bom uso da tecnologia ajudará os franqueados a realizarem tarefas com mais eficiência e eficácia, deixando-os com tempo livre para ser estratégicos. Esse é o objetivo das franqueadoras, que estão apostando na IA como tendência para 2024.

10. Bancarização do sistema 

Por meio de parceria com instituições bancárias de menor porte, crescerá a atuação de bancos interessados nos sistemas de franquia, passando a fazer parte desse ecossistema radial que é o franchising.  Isso já acontece de forma tímida, mas a tendência é de crescimento exponencial em 2024.

Franqueadoras e suas expectativas

As marcas também fizeram um balanço do ano de 2023 e planejaram a expansão para 2024. Algumas delas tiveram uma expansão bastante expressiva no ano que passou – outras colocaram o pé no freio e precisaram arrumar a casa para pensar em crescer com mais consistência no ano que se inicia.

Dr. Shape 

A franqueadora de suplementos alimentares e artigos esportivos teve um ano bem equilibrado. Já são aproximadamente 70 lojas em todo o Brasil, sendo que 13 delas foram inauguradas em 2023, em Guaratinguetá (SP), Jacarezinho (PR), Luís Eduardo Magalhães (BA), Macapá (AP), Ji-Paraná (RO), Canoas (RS), Araquari (SC), Paragominas (PA), Ribeirão Preto (SP), São José dos Campos (SP), Teresina (PI), Porto Alegre (RS) e Floriano (PI). 

“Nossa expansão sempre foi cautelosa, com um excelente processo de seleção, para que nossos franqueados tenham total afinidade com o segmento e a marca. Queremos parceiros para projetos de longo prazo e nossa expansão continuará pelo Brasil todo em 2024, com previsão para mais dez lojas”, diz Roberto Kalaes, diretor de Novos Negócios da marca. 

Nessa toada, a Dr. Shape, que completou recentemente 20 anos de mercado, também prepara sua expansão internacional para o começo de 2024. 

“Estamos finalizando um acordo com parceiros em Portugal e logo teremos notícias sobre o assunto”, adianta Felipe Kalaes, sócio-franqueador. 

A Dr. Shape é uma das franqueadoras que mais investe em suporte para sua rede franqueada. A marca mantém, além da consultoria de campo, uma plataforma que oferece treinamentos em diversas modalidades, de forma a melhorar a performance de franqueados e equipes. A novidade criada em 2023, que estará disponível em 2024, é a Universidade do Suplemento. 

“Ampliamos nossa plataforma de cursos on-line para que os franqueados e seus colaboradores, de todo o Brasil, possam ter acesso às aulas”, comemora Felipe Kalaes. 

O investimento em uma loja Dr. Shape inicia-se em R$ 250 mil.

3 Brasseurs 

A marca francesa 3 Brasseurs, conhecida no Brasil como 3B, primeira cervejaria artesanal francesa no Brasil, comemorou em 2023 dez anos de atividades no Brasil, com muito sucesso. E esse aniversário marcou para a empresa o início de sua expansão por franquias no Brasil, já que a marca passou a ser dirigida por um grupo de masterfranqueados brasileiros com grande experiência em franchising. 

“A ideia é levarmos a marca às capitais e, também, grandes cidades brasileiras”, comenta Leonardo Lamartine, um dos sócios da master franquia brasileira.

Junto com os sócios Fernando Malutta, Janaína Boz e Luciano Fialho, Lamartine pretende chegar a 20 franquias em dez anos, nas principais capitais brasileiras e municípios-chave para a marca, a exemplo de Campinas, Jundiaí, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto (SP); Balneário Camboriú (SC); Londrina, Maringá (PR); Uberlândia, Uberaba, Juiz de Fora (MG); Sinop, Sorriso (MT), dentre outras.

O investimento em uma unidade 3B inicia-se em R$ 2,5 milhões.

B.LEM Padaria Portuguesa 

O ano de 2023 foi de expansão criteriosa para a marca B.LEM Padaria Portuguesa. A marca alcançou, ao abrir lojas em Curitiba (PR) e Belém (PA), a marca de dez capitais com suas franquias, totalizando 50 unidades franqueadas pelo Brasil.

A B.LEM atua com lojas em ruas e shoppings de grande movimento, nos formatos de lojas ou quiosques, e seus clientes procuram as delícias inspiradas na culinária portuguesa para consumo no local, levar para casa e até mesmo para presentear. 

“Tudo é produzido em nossas fábricas para abastecer as lojas, de forma artesanal, sem corantes ou conservantes. Estamos procurando investidores interessados no ramo de alimentação para acelerar ainda mais o nosso processo de expansão”, revela Pedro Nogueira, sócio-fundador da marca. 

Em 2024, a ideia é implantar um programa de fidelidade, já que os clientes da B.LEM Padaria Portuguesa costumam sempre voltar às lojas. 

“Quem consome nossos produtos fica fiel a eles”, pondera Nogueira. E, em relação à expansão, o franqueador é pé no chão: “Pretendemos crescer de forma consciente, aos poucos, com bons franqueados, construindo uma relação duradoura”, finaliza. 

Numa B.LEM Padaria Portuguesa, investem-se a partir de R$ 350 mil.

The BBurgers 

Foi um ano de desafios para a The BBurgers, hamburgueria gourmet com grande presença no Brasil. A marca, que já teve como sócio o humorista e influenciador Carlinhos Maia, passou por uma grande reestruturação e fechou lojas – além de encerrar sua sociedade com Maia e com outros sócios. 

“Todo esse processo foi necessário para que pudéssemos reformatar a franquia, reduzir a inadimplência e nos preparar para voltar a crescer”, informam os sócios da marca, Talles Howard e Ítalo Bruno, que assumiram 100% da franqueadora.

A The BBurgers focou-se na renovação total: toda a logística, os parceiros comerciais, fornecedores e contratos foram revistos para que a rede franqueada aumentasse sua competitividade. A marca também foi reposicionada, ganhando destaque no mercado por seu rebranding. Novo cardápio, produtos de maior valor agregado, investimento em delivery e parcerias foram investimentos realizados pela marca, que recuperou lojas com bom potencial. 

“Outras, entretanto, tiveram que ser fechadas e franqueados que não se adequaram ao novo momento deixaram a rede. Agora, estamos prontos para crescer com uma nova realidade, muito mais competitiva e com suporte alinhado com as necessidades da rede”, finaliza o franqueador.

(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão. 

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