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Velha economia entra na Internet

Segunda, 15 de maio de 2000, 10h53min
A chamada "velha economia" começa a entrar no jogo da Internet pelo business-to-business (ou B2B): o comércio eletrônico entre empresas. Depois de assistirem atônitas à super valorização das empresas da nova economia, as grandes multinacionais norte-americanas embarcam nesse novo bonde. Desta vez, a velha economia acredita ter vantagens em relação à agilidade das cyber empresas. Na hora de planejar uma operação de e-business, o conhecimento sobre o negócio real que está sendo traduzido para o virtual dá aos empresários da velha economia uma vantagem em relação aos net-especialistas.

Nos Estados Unidos, os exemplos de intersecção entre velha e nova economia se espalham pela Internet. De olho nas suas vantagens comparativas, GM, Ford, Cargill, Jonhson & Jonhson, Dupont e centenas de outras lançaram projetos de B2B. Os projetos são os mais variados, com uma coisa em comum: querem criar mercados ou bolsas eletrônicas, transformando em virtual a relação comprador-vendedor.

Johnson & Johnson, GE Medical Systems, Baxter International, Abbott Laboratories e Medtronic criaram uma joint-venture que pretende lançar um mercado eletrônico para compra e venda de produtos e serviços na área médica. GM, Ford e DaimlerCrysler, depois de anunciar iniciativas independentes, resolveram se juntar num grande mercado eletrônico para os 30 mil fornecedores do setor. GM e Ford chegaram ao ponto de transferir suas unidades de negócios virtuais para o Vale do Silício, na Califórnia, região que concentra a maioria das start-ups e empresas de tecnologia para a Internet.

Um dos exemplos mais interessantes de namoro entre a velha e a nova economia é o da Cargill. A gigante mundial do agribusiness, maior companhia de capital fechado do mundo, está entrando de cabeça na Internet. De março até hoje, a empresa anunciou cinco iniciativas de sites de business-to-business, todos em áreas de atuação históricas da Cargill. São eles: Rooster.com, para o mercado agrícola; Novopoint.com, para a indústria de alimentos; Levelseas.com, para o mercado de fretes oceânicos; e duas bolsas on-line ainda sem nome, uma para o setor de carnes e outra para o mercado de aço.

Cada um dos projetos tem foco diferente, mas todos estão sendo montados com parcerias. O Rooster.com, por exemplo, tem como parceiros a Dupont, multinacional da área de defensivos agrícolas, e a Cenex, central de cooperativas agrícolas norte-americanas.

O vice-presidente do conselho mundial da Cargill, Robert Lumpkins (veja a entrevista na íntegra abaixo), explica que a empresa criou uma nova unidade para estudar oportunidades de negócios na Internet, a Cargill eVentures. Mas, diz ele, todas as iniciativas lançadas até o momento são de empresas independentes, onde a Cargill tem apenas uma participação. "Estamos montando mercados eletrônicos neutros. A administração dessas empresas é totalmente independente".

O vice-presidente da Cargill eVentures, que está interinamente no comando do Novopoint.com, Tom Erdmann, diz que a gigante do agribusiness está acelerando o passo para entrar no ritmo da Internet e que vários projetos estão em estudo. "Mas o nosso objetivo é criar empresas viáveis e que vão durar", se referindo à profusão de iniciativas que surgiram desde o ano passado nos Estados Unidos.

Essa correria tem motivo: todos querem garantir a sua fatia num mercado cujas estimativas de faturamento para o ano de 2004 variam de US$ 2,7 trilhões a US$ 7,3 trilhões, dependendo do otimismo da consultoria. O B2B faturou, em 1999, US$ 131 bilhões. Só para comparar, a Forrester Research, consultoria especializada em Internet e novas tecnologias, prevê que o comércio eletrônico para o consumidor (business-to-consumer ou B2C) vai girar em torno de US$ 184 bilhões em 2004. Em 1999, o B2C faturou US$ 20,3 bilhões.

Independentemente do setor, os analistas esperam que os mercados ou bolsas eletrônicas vão provocar grandes transformações na administração empresarial em todo mundo. "Acredita-se que os mercados eletrônicos de B2B serão o novo modelo empresarial da economia pós-Internet", diz Rob Bonavito, presidente do TradingProduce.com, portal de B2B para indústria de alimentos, com sede no Vale do Silício, na Califórnia.

Cargill lança e-business independente

A distância entre a fazenda onde fica a sede mundial da Cargill e o Vale do Silício é muito maior do que os milhares de quilômetros que separam Minneapolis, em Minnesota, e San José, na Califórnia. Não existem vidros espelhados pelas janelas, nem carros conversíveis nos estacionamentos.

O executivo que comanda a estratégia da Cargill para a Internet também não se parece em nada com os garotos viciados em computador que dominaram o cenário da Internet até agora. Robert Lumpkins tem 56 anos e é o vice-presidente mundial da Cargill desde 1995. Sua carreira se mistura com a história da empresa, onde começou como analista financeiro em 1966. Agora, além de cuidar da saúde financeira da multinacional (receita de US$ 45 bilhões em 1999), Lumpkins coordena a estratégia da empresa para a Internet. Na entrevista abaixo, o executivo analisa como será a convivência entre a velha e a nova economias e conta por que a Cargill resolveu investir nos portais de business-to-business.

Agência Estado - A Cargill lançou nos últimos dois meses cinco iniciativas para a Internet. Todos são projetos de portais de business-to-business. Esse é um novo negócio para a Cargill ou uma nova maneira de administrar os antigos negócios?

Robert Lumpkins - As duas coisas. A Internet é o mais importante desenvolvimento empresarial desta geração. E nós queremos usar a sua força para melhor servir nossos clientes, para acessá-los mais efetivamente, para melhorar a administração dos nossos negócios tradicionais. É também como um novo canal de compra e venda para a Cargill. Uma nova forma de operar.


AE - Por que a empresa resolveu lançar os seus próprios portais de e-business?

Lumpkins - É importante enfatizar que a nossa primeira iniciativa para a Internet, o site Aghorizons.com, foi lançada no final de 1999. O site é direcionado para fazendeiros dos Estados Unidos e do Canadá. O projeto busca atender principalmente nossos clientes ou potenciais clientes. É um grande sucesso e já significou uma forma de atender melhor o produtor. O outro lado da estratégia são os portais de business-to-business, que funcionarão como bolsas eletrônicas. Até agora são cinco: Levelseas.com, Novopoint.com, Rooster.com e duas bolsas on-line ainda sem nome, uma para o setor de carnes e outra para o mercado de aço. E esperamos logo lançar outros. Para desenvolver esses projetos a Cargill criou uma nova unidade no grupo, chamada Cargill eVentures, que funciona como uma incubadora. Nós acreditamos que existem oportunidades para a Cargill investir de forma minoritária em projetos de bolsas eletrônicas independentes que atendem às necessidades dos nossos clientes e para o público empresarial em geral.

AE - Mas como será a participação da Cargill nestes projetos já que são mercados onde a empresa tradicionalmente tem forte atuação?

Lumpkins - Vou usar uma analogia para explicar como vemos nossa participação e a dos nossos parceiros nesses projetos. Cada um dos portais funciona como o "Mall of America" (um dos maiores shopping centers dos Estados Unidos, localizado em Minneapolis, onde fica a sede da Cargill). O Mall oferece aos consumidores grandes lojas de departamentos (as âncoras) e, ao mesmo tempo, lojas especializadas e pequenas boutiques. O que nós queremos fazer com os portais é criar uma espécie de "cyber Mall of America". O Rooster.com, por exemplo, vai funcionar como um shopping virtual. Nós da Cargill, a Dupont e a Cenex Harvest, como fundadores do portal, somos os âncoras. Vamos vender serviços e produtos para fazendeiros através do Rooster.com assim como todos as outras "lojas virtuais" que estarão no portal. Nós tivemos a iniciativa de fundar o portal, mas o Rooster.com é uma empresa independente, com a sua própria diretoria, presidente e conselho. A Cargill será um cliente do Rooster.com, que utilizará o portal como um canal para acessar os produtores assim como a Dupont e a Cenex. O mesmo vai acontecer com a Monsanto, Dow, BASF, outras empresas de sementes ou tradings de grãos.
Agência Estado

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